quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quantas vezes devo perdoar?




(Texto publicado na Revista Rainha dos Apóstolos, Ano 89, dezembro de 2012, p. 47).

 
Certa vez, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quantas vezes devemos perdoar”? Pedro respondeu: “Até sete vezes sete”, mas Jesus o corrige e acrescenta: até “setenta vezes sete”. Para Cristo, o perdão não em limites. Diante do fraco, do pecador, o cristão deve mostrar sempre a força do amor. O Mestre, em todo seu percurso no meio da humanidade, tomou sempre a atitude de quem serve, acolhe e perdoa. Não quis nascer em palácio, mas entre os pobres; não quis conviver com os sábios, mas preferiu os deserdados e iletrados e, finalmente, desceu até o mundo dos mortos para resgatá-los.
Para a maioria das pessoas, quando se fala de perdão logo vem à mente a atitude de Jesus, que, na cruz, perdoou os seus algozes. Essa questão é crucial para o ser humano, saber perdoar. Humanamente falando, é impossível, mas com Deus tudo é possível.
 
Se o cristão tirar o seu olhar da cruz de Cristo, ele pode tornar-se um monstro, capaz de cometer qualquer atrocidade somente para manter o seu próprio status, mas o evangelho ensina sempre o contrário. Não é pelo poder e pela força que uma pessoa se torna forte, mas pela sua capacidade de amar e de perdoar.
Em Ruanda, África, em 1994, aconteceu um genocídio. Foi uma guerra étnica terrível, que deixou marcas profundas de ódio na população. Muitas pessoas perderam todos os membros da sua família, às vezes assassinados pelos próprios vizinhos e até mesmo parentes, pois muitos eram casados com etnias diferentes. Como perdoar aquele parente que foi a causa de tanta dor e de tanto sofrimento?
Agora que o país, vagarosamente, começa a se reerguer, o que está ajudando as pessoas a curarem suas feridas espirituais e psicológicas é a fé em Jesus misericordioso. Por isso, a devoção à Divina Misericórdia, naquele país, cresce dia após dia. Para que o perdão pudesse curar todas as feridas do passado, os palotinos fundaram um santuário da Divina misericórdia em Kabuga, periferia de Kigali, Ruanda. Diariamente, centenas de peregrinos dirigem-se para lá para buscar em Jesus Misericordioso a força e coragem para lutarem contra a dor e a perda de seus entes queridos e, ao mesmo tempo, curar o ódio que invade seus corações. Nesse momento, somente Deus pode lhes dar refúgio e proteção.
 
Existem muitos testemunhos de pessoas que, olhando para o Cristo, aprenderam a perdoar o seu inimigo. Não é com a vingança que se construirá a paz. Cabe também a cada um analisar a sua caminhada de vida e se perguntar: o que ainda não está devidamente curado dentro de você? O que precisa ser tirado do seu coração para que seja portador da verdadeira paz? Se ainda algo o incomoda e o impede de ser plenamente feliz, chegou o momento de olhar para Cristo e dizer: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.

Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SURPREENDIDOS PELO AMOR




Texto publicado na Revista Rainha dos Apóstolos, nov. 2012.

Muitos fiéis já experimentaram o amor de Deus de uma maneira surpreendente. A Bíblia apresenta muitos desses episódios, mas vale a pena refletir a experiência de São Paulo. Ele era um judeu zeloso e, por causa disso, perseguia os cristãos porque professavam sua fé em Jesus Cristo. No caminho para Damasco, Paulo foi surpreendido por uma forte luz e ouviu uma voz: “Saulo, Saulo, porque me persegues”? Essa luz o transformou em um arauto do Evangelho. A presença de Cristo na vida dele mudou seu modo de conceber Deus e o mundo.
O amor de Deus é sem limites. Ele ama até as últimas consequências, e a prova está na morte de Cristo na cruz. O que o ser humano fez de importante para que Deus se interessasse por ele? Nada! Deus, simplesmente, ama porque ama. O ser humano é obra do seu amor incondicional. Se o pecado rompeu essa amizade, Deus, de maneira surpreendente e criativa, encontrou outro jeito de atraí-lo para si, pois o pai nunca se cansa do filho, por pior que ele seja. Ele será sempre o seu filho, e, talvez, por causa disso, receberá maior atenção que os demais. Exemplo é o filho pródigo. O filho desnaturado recebeu mais atenção que o filho comportado, que se irritou com isso. Quem ama pouco se deixa levar pela revolta, e quem muito ama faz festa porque o filho estava perdido e foi reencontrado. A prova maior do amor de Deus pode ser contemplada na cruz.
A lógica da cruz parece entrar em conflito com a nossa maneira de conceber o mundo e a vida. Na verdade, Deus não usa a lógica humana para amar. O seu modo de expressar amor confunde a razão humana. Aquilo que não entendemos, deixamos de lado. O ser humano desiste facilmente diante das frustrações e dos fracassos, mas isso não acontece com Deus. Ele nos ama de maneira desconcertante e incondicional. Vejamos alguns aspectos destoantes de como Deus expressa o seu amor para com seus escolhidos.
Quando tudo parece impossível, Deus revela o seu poder. A prova disso está na ressurreição de Lázaro. O túmulo, para ele, não significa nada. Quando faltou pão no deserto, eis que sacia uma multidão de famintos. Quando os apóstolos atravessam a noite sem nada pescar, eis que o Mestre recomenda que a rede seja lançada para o outro lado e tudo acontece. E a coisa mais desconcertante para o humano pecador é olhar para o homem da cruz e ouvir a sua voz, dizendo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Diante do profundo amor que Deus tem por você, não deixe jamais de confiar na Sua palavra e de entregar a sua vida por inteiro. Faça a experiência do encontro com o ressuscitado e veja o como Ele é surpreendente. Faça a experiência de perdoar aquele que o ofendeu e você verá o quão grande você é diante de Deus.
Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC

sábado, 6 de outubro de 2012

Reliquias de Pallotti visita as Comunidades Palotinas do Amazonas

 As relíquias de São Vicente Pallotti visitou as comundades palotinas da Região Amazônica. Este video foi retirado de "canalamazonsat" do youtube.




 




NOTA DE FALECIMENTO: O padre entrevistado, Pe. Cláudio Rossini, faleceu no dia 21 de outubro de 2012.

 
Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25).

Mais uma vez fomos surpreendidos pela irmã morte. Fomos surpreendidos nesta manhã, 21 de outubro/12, domingo do Senhor e na Páscoa Semanal, da morte do nosso confrade Pe. Cláudio Walmir Rossini, 48 anos. Ele faleceu às 09h (horário local) em Manaus/AM, enquanto oficiava a Celebração da Eucaristia. Ele estava fazendo a pregação e foi surpreendido por um infarto fulminante, morrendo já no presbitério, pronunciando ainda algumas palavras. A Igreja Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos estava plena de fiéis, especialmente porque neste horário da celebração muitos jovens e adolescentes, com seus pais, catequistas, fariam a Renovação das Promessas do Batismo, preparando-se para nos próximos dias receberem a Primeira Eucaristia. Foi neste contexto celebrativo que este nosso coirmão partiu para a celebração de outra ceia, a ceia definitiva na Casa do Pai.

Pe. Cláudio Rossini nasceu no dia 02 de outubro de 1964, em Ajuricaba/RS. Fez sua Primeira Consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico (SAC) no dia 25 de março de 1999. Foi ordenado na cidade de Santo Augusto/RS no dia 08 de setembro de 2002. Recentemente celebrou os 10 anos de vida sacerdotal. Desde março deste ano de 2012, foi designado pelo Conselho Provincial para prestar seu serviço sacerdotal na Paróquia Rainha dos Apóstolos, no Bairro Dom Pedro, na cidade de Manaus, como pároco. Nesta paróquia também estão os padres João Aparecido Bergamasco e Reneu Stefanello.
Seu corpo será velado nesta tarde e noite na Igreja Matriz Rainha dos Apóstolos. E os horários das celebrações eucarísticas ainda serão definidos. O corpo do padre Cláudio será translado para o Cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos, em Vale Vêneto, talvez amanhã, segunda-feira. Horário da celebração e sepultamento ainda serão definidos. E, tão logo que tivermos mais informações estaremos repassando a todos.
E agora, caros coirmãos? Levantemos, pois, nossa cabeça na Fé e na Esperança da Ressurreição e pedimos ao Senhor que o receba em seu Reino e que o Jesus, o Senhor da Vida e da Messe, tenha compaixão de todos nós, principalmente neste momento que choramos a morte prematura do padre Cláudio Rossini!

Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno. E brilhe para ele vossa luz!

Fraternalmente,

Pe. Edgar Xavier Ertl SAC



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Encontros dos formadores palotinos

São Salvador - Roma
Formadores Sul-americanos
No mês de julho de 2012, Pe. Valdeci participou do Encontro dos Mestres de noviços em Roma e do Encontro de Formadores Sul-americanos, em Curitiba.
Mestres Palotinos

Missa no encontro


Pe. Valdeci - B. São Pedro

Como fazer das nossas casas um cenáculo

 

Nosso fundador, tocado pelo Espírito Santo, descobriu desde muito cedo que era profundamente amado por Deus. Esta descoberta aconteceu no cei familiar, pois sua família era de muita oração. Lá aprendeu a amar a Deus, a venerar a Maria, a sentir os anseios das pessoas mais sofridas.

Ele sentiu o amor a Deus de maneira tão intensa que não conseguiu guardar só para si. Descobriu que a graça recebida não podia ficar aprisionada no coração, mas devia ser partilhada com os irmãos. Quanto mais buscava a Deus, mais Deus respondia a ele derramando copiosas bênçãos e dons particulares. Com o passar do tempo, a sua espiritualidade foi amadurecendo e Deus foi falando em seu coração o que esperava dele; não era mais um encontro somente de amizade e de entrega pessoal, mas agora se tornou um encontro de comprometimento com a causa do Reino, de agir no mundo como o Cristo e em favor de Cristo, fazendo o que ele fez, levando a vida e a salvação a todos. Esse desejo era tão forte que chegou ao ponto de querer tornar-se alimento para os famintos, licor para os debilitados, veste para os maltrapilhos, etc.

Mas de onde vinha essa força incomensurável? Era na eucaristia que seus arroubos místicos se intensificavam e de onde vinha a clareza em sua mente para realizar a obra de Deus. Como Maria indagou ao anjo no momento da anunciação, como acontecerá isso? Ele também se perguntava diante de Deus: “Quem sou eu e quem sois vós”? O que você espera de mim, de alguém tão insignificante, nada e pecado? Mas logo vinha a certeza de que: “Por mim nada posso, mas com Deus tudo posso”! Ele tinha consciência da sua limitação física e da precariedade dos meios materiais. Mas Deus foi lhe mostrando que, sozinho, realmente, era impossível, “mas para Deus nada é impossível”. Basta convocar as pessoas para atingir o mundo e assim fazer com que todos estejam unidos em torno de um só rebanho sob um só Pastor, Jesus Cristo. Basta levar a Boa Notícia do Reino. O Evangelho é claro: “anunciem a todos que o Reino de Deus chegou”. Não temos que inventar nada, é só dar testemunho do amor misericordioso de Deus.

Assim nasce o carisma do apostolado universal, de todos. Inspirado por Deus, ele convoca o povo de Roma para essa nova empreitada, a empreitado do amor e da caridade, do reavivar a fé e reacender a caridade, pois onde reina o amor, Deus aí está.

As pessoas, também, sedentas do amor de Deus, responderam com entusiasmo. A hierarquia, mais preocupada com as coisas temporais, em administrar o Estado da Igreja, estava entorpecida e alheia aos acontecimentos, mesmo tendo o mandato apostólico, não sabiam como responder aos desafios da sua época, porque não experimentavam a vivência do Cenáculo, a experiência do amor recíproco, altruísta e da escuta da Palavra revelada que só toca aquele coração que está atento e não disperso.

Enquanto muitos esperavam pelo fim da Igreja, Pallotti vislumbrava um tempo em que todos pudessem expressar o amor de Deus na cotidianidade da vida e na condição particular de cada batizado, bastando apenas se deixar tocar pela ação do Espírito. Eis a novidade do carisma palotino.

O Cenáculo, então, é lugar do encontro com Deus e da partilha dos irmãos. Ele existe onde tem cristãos abertos à graça de Deus. O Cenáculo dos apóstolos não existe mais, foi único, mas a ação do Espírito permanece nos diversos cenáculos espalhados pelo mundo. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. Essa é a promessa de Cristo. Em qualquer ambiente em que se reza e se medita a Palavra de Deus, e vivem o espírito da verdadeira caridade fraterna, aí está o Cenáculo, local onde Deus se manifesta e leva as pessoas a saírem do seu mundo fechado de medo e de desencorajamento, como estavam os apóstolos, antes de fazer tal experiência.

Fora do cenáculo as pessoas ficam divididas e temerosas, sem ação, mas unidas em torno de um mesmo objetivo, com Deus no centro, por meio da oração e do espírito de abertura e de cooperação, certamente as obras serão fecundas, pois o Espírito Santo indicará o que deve ser feito. Desta forma as nossas comunidades também serão transformadas e o Evangelho será anunciado com entusiasmo. Nela, cada um pode partilhar as maravilhas realizadas por Deus em sua vida. Com a partilha dos bens materiais e dons pessoais, podemos atingir muitas pessoas e fazer com que também elas descubram o seu papel na Igreja e no mundo: “O poderoso fez em mim maravilhas...”. Hoje é bom refletir o que Deus já realizou em sua vida. “Pois, das garras do leão ele me livrou” (1Sm 17,37).

Portanto, a nossa espiritualidade nasce da experiência do Cenáculo, ou seja, de encontro com Deus e com a participação dos irmãos. Cabe a nós palotinos vivenciar esta experiência no cotidiano da vida das nossas comunidades, primeiramente, dando valor aos momentos litúrgicos comunitários e individuais. Proporcionar momentos de encontros fraternos onde se pode partilhar a experiência de fé, os sucessos e os insucessos apostólicos, as esperanças e desesperanças vividas no dia a dia, os medos e as frustrações pessoais. É aí que a comunidade sai fortalecida, pois se cria laços fortes de amizade e de companheirismo, num clima de amizade e de fraternidade, sem julgamentos ou disputas, pois tudo o que faz é para a maior glória de Deus e não para o enriquecimento das vaidades pessoais. Aqui entra a caridade competitiva da qual falava Pallotti.

No Cenáculo, o irmão deve ajudar o outro a se fortalecer na fé, e nos momentos de fraquezas, deve oferecer o seu ombro amigo para apoiá-lo e seus ouvidos para escutá-lo, ainda que não tenha nada para lhe dizer. Basta estar junto para ouvir a dor do irmão, como Cirineu.  Com esta atitude fraterna, ou seja, vivido na vida comum fraterna, muitas vidas seriam poupadas e muitos confrades seriam recuperados e curados em suas feridas. Reflitamos, hoje, sobre o real significado do Cenáculo na vida de um palotino e como podemos fazer isso ser uma realidade no nosso dia a dia.

“Deus em tudo e sempre”. Amém.

Textos para meditação

Lc 1,34-49; 2, 18-19; 11,27-28

At 1, 3-5. 15-26; 2, 1-41; 4,12-18; 10,44-48; 11,29-30

Sl 117,5; 70

domingo, 22 de julho de 2012

Seguindo os passos de S. Vicente Pallotti



Os mestres de noviços, reunidos em Roma, percorreram os mesmos caminhos que Pallotti percorreu. Estamos no Ano Jubilar dos 50 anos de sua canonização. Esta peregrinação faz parte dos festejos da celebração jubilar. Que são Vicente Pallotti abençoe a todos nós.

terça-feira, 19 de junho de 2012

As Relíquias de São Vicente Pallotti visitam todas as comunidades palotinas do Brasil



Relíquias de São Vicente Pallotti peregrinam
pelas comunidades palotinas do Brasil

Pe. Aguinelo Burin SAC
Pe. Edgar Ertl SAC
Santa Maria/RS


1. Introdução





De 26 de maio de 2012 a 26 de janeiro de 2013, duas relíquias de São Vicente Pallotti (1795-1850) estão peregrinando pelas Comunidades da União do Apostolado Católico (UAC) – Família Palotina – padres, irmãs, irmãos e leigos no Brasil. Uma pequena, de 1° classe, um fragmento dum dedo da mão, e uma estola que ele usou para celebrar. Esta peregrinação das relíquias está entre as diversas atividades que estão sendo organizadas pela família palotina em vista dos 50 anos de canonização do santo a ser celebrado no dia 20 de janeiro de 2013. São Vicente Pallotti foi canonizado no dia 20 de janeiro de 1963, pelo papa João XXIII, durante a celebração do Concílio vaticano II. Seu corpo é venerado na Igreja de São Salvador em Onda, perto do Rio Tibre, em Roma. Que sentido têm as relíquias dos Santos? Vamos à história e valor das relíquias à fé cristã, e particularmente à Família Palotina do Brasil.

2. Um pouco de história
Dois fatos do Antigo Testamento. No livro (2Rs 2,10-16) se narra que, quando Elias foi levado, por um carro de fogo, para o céu, deixou cair o manto. Eliseu recolheu o manto e, para atravessar o Jordão, bateu com o manto nas suas águas e elas deram passagem a Eliseu.
Alguns do Novo Testamento: Em Mt 14,35s se diz que uma mulher que sofria de uma forte hemorragia, chegou até Jesus, furando no meio da multidão, pensando consigo: se eu tocar no seu manto, ficarei curada. E foi o que aconteceu. E continua dizendo que muitos tocavam no manto de Jesus e ficavam curados.
No livro dos Atos dos Apóstolos 19,11-12 temos também um testemunho semelhante.
Na História da Igreja, já no ano de 156 se conta que os cristãos recolheram os restos de São Policarpo, queimado na fogueira por ser cristão. Já é sinal de muita estima e culto. Mais tarde muitos milagres e graças aconteceram num contato com estas relíquias.
Depois da paz de Constantino, procuraram em Jerusalém a cruz de Cristo. Dizem que encontraram três, e para verificar qual era a de Cristo encostaram nas três uma criança doente. Ao encostar numa delas, a criança ficou curada. Pode ser lenda, mas esta cruz foi venerada como a cruz em que Cristo foi crucificado.
No caso também os pregos teriam sido encontrados.
No tempo das perseguições do Império Romano, os cristãos recolhiam o sangue dos mártires com panos e os veneravam. Nas catacumbas, celebravam missas junto do túmulo de mártires da fé, para pedir força e fidelidade.
Temos, portanto, aí um testemunho histórico do culto das relíquias dos heróis da fé.
O culto das relíquias só foi aumentando ao longo dos tempos.
No século VII, o bispo de Cantuária declarava que as relíquias dos santos deviam ser objetos de veneração.
Na Idade Média, no período de construção das grandes Catedrais, chegamos ao auge da valorização das relíquias dos Santos.
Na Catedral de Colônia, o Arcebispo expôs os corpos dos Reis Magos! Em Santiago de Compostela são apresentadas relíquias do corpo de São Tiago!
Aos poucos este culto tomou proporções exageradas. A partir das Cruzadas, ossos, pedaços de panos, penas dos anjos, prepúcio de Jesus foram exibidos como relíquias e havia gente que acreditava em tudo.
Então a Igreja encomendou um estudo sobre algumas pretensas relíquias e constatou que havia muita falsificação.

3. Alguns exemplos de exageros
 Os pedacinhos da cruz de Cristo que corriam constataram que daria uns 4.000.000 de centímetros cúbicos de madeira! E havia uns 700 pregos da Cruz.
O Concílio de Lion apelou aos responsáveis, bispos e outros, que verificassem a autenticidade das relíquias que eram distribuídas e veneradas.
A ciência moderna e o estudo da História da Igreja ajudaram a recolocar em ordem estes exageros. O caso do Santo Sudário...

4. A Igreja classifica as relíquias em três classes:
1ª classe, parte do corpo; 2ª classe, objetos pessoais e 3ª classe, pedaços de tecidos que vestiu ou que usou. Estas de S. V. Pallotti que vem aqui pertencem à primeira e à terceira classe. E são autênticas! É proibido, sob pena de excomunhão, comprar ou vender relíquias com fins lucrativos.

5. Algumas relíquias famosas e autênticas
Corpos que permaneceram intactos no sepulcro: S. Catarina de Bolonha; S. Bernardete de Soubirous; S. João Vianney; S. Rita de Cássia; Beato João Paulo II; S. Pio de Pietrelcina; Irmã Dulce; S. Vicente Pallotti, entre muitos outros.

6. Relicário palotino
O relicário de São Vicente Pallotti que peregrina pelo Brasil, no formato de uma Arca da Aliança, uma peça belíssima e única, foi assinada pelo maior artista sacro do momento no Brasil, Cláudio Pastro. Nele estão as duas relíquias. Um fragmento do dedo de Pallotti – lembrando sua humanidade, seu corpo, embora franzino, magro, mas um homem incansável a serviço da caridade evangélica –  um homem de seu tempo, com um perfil de que a “vida de Cristo seja a sua vida”, com os desejos, propósitos, expectativas que envolvem céus e terras, tudo sem limites como fora o “Homem de Nazaré”.  E uma estola – usada pelo santo durante as funções litúrgicas – lembrando que um dia ele foi batizado e esta estola é uma continuação de suas vestes batismais: o cristão é um servidor de Jesus Cristo e todo batizado se torna discípulo missionário do Evangelho. Vicente Pallotti exerceu seu ministério sacerdotal com zelo e dedicado às grandes causas humanas, culturais, eclesiais e espirituais. – um sacerdote de caridade inesgotável. Deste serviço sacerdotal apostólico podemos dizer que nasceram grandes obras: A fundação da União do Apostolado Católico, O Solene Oitavário da Epifania, a Fundação da Casa de Caridade e Colégio das Missões, as Conferências semanais dos Eclesiásticos e Instituto Religioso Feminino, Assistência Espiritual ao Hospital Militar, a Missão de Londres e outras infinitas atividades deste homem consagrado segundo o Evangelho, “pois todo sumo sacerdote é escolhido entre os homens e nomeado representante dele diante de Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5,1).

7. Que sentido tem venerar as relíquias?
Destacamos dois aspectos do seu valor. Primeiro, ligar-nos ao seu portador, para tê-lo muito próximo e presente e assim seguir seu exemplo de santidade. E um segundo sentido, que a maior parte do povo atribui às relíquias é como um intermediário para alcançar do Santo uma graça, um milagre, uma cura. E isto se tem verificado muitas vezes, “o exemplo oportuno de vida a ser imitado”, e, sobretudo o auxilio na intercessão. E é importante para identificar que aquela graça ou milagre foi alcançado pela intercessão daquele homem ou mulher santos.
Para nós, creio, vale muito o primeiro aspecto: as relíquias de São Vicente Pallotti, nos lembram sua pessoa, sua vida de santidade, seu zelo apostólico, seu carisma que nós queremos seguir.
E também para suplicar alguma graça de que precisamos. Temos que invocar São Vicente Pallotti, não só como homem de ideias e carisma, como dons para a Igreja, mas também como nosso Pai, protetor e auxílio nas nossas dificuldades e necessidades. Invoquemo-lo com confiança. Portanto, a veneração das relíquias dos santos faz parte da tradição da Igreja Católica desde os primeiros séculos e neste momento do Ano Jubilar da canonização de São Vicente Pallotti convidemos, pois, todo o povo que venham às nossas comunidades, igrejas e locais por onde passam as relíquias de Pallotti a fim de que busquem nele um exemplo autêntico de seguidor de Jesus Cristo, Apóstolo do Pai.

sábado, 19 de maio de 2012

Noite de autógrafos





Pe. Valdeci deu uma palestra sobre a "Arte de ser feliz", no dia 18 de maio, no centro catequético da Paróquia Rainha dos Apóstolos de Cornélio Procópio. Falou, também, do seu novo livro "Calibragem da energia psicossomática.




quarta-feira, 16 de maio de 2012

São Vicente Pallotti – Precursor do Apostolado dos leigos




(Reflexão referente a Homilia de Paulo VI em sua visita a Frascati para venerar o corpo de São Vicente Pallotti, exposto na Catedral)

Neste ano, em preparação ao grande jubileu de São Vicente Pallotti, somos convidados a aprofundar nossos conhecimentos a respeito desse grande Santo e a realizarmos obras concretas que manifestem ao mundo nossa espiritualidade palotina.

“Em cada época, Deus suscita homens e mulheres com carismas do Espírito Santo, para a continuação da missão salvífica de Cristo, para o bem dos seres humanos e edificação da Igreja”.

Catedral de Frascati
Quando pensamos em São Vicente Pallotti, pensamos em um homem que soube conciliar o apostolado (apóstolo) e a contemplação (místico), sendo capaz manter um “justo equilíbrio” entre oração e ação apostólica em favor da realidade concreta de sua época. Todas as bibliografias a respeito de nosso santo fundador enfatizam esses dois aspectos: vida ativa e vida contemplativa, ambas em constante harmonia.


Observamos, na atualidade, diversos termos que fazem referência direta à São Vicente Pallotti, tais como: Apóstolo de Roma, Precursor da Ação Católica, Profeta da Esperança, Apóstolo dos leigos, Místico... Expressões que reconhecem a grandiosidade de nosso fundador na vida eclesial e na sua profunda experiência de pertença à Santa Igreja.

A mente de São Vicente Pallotti encontra-se voltada à necessidade de despertar a consciência apostólica de todos os fieis, para que cada um faça pelo Evangelho tudo aquilo do qual é capaz.  E isto é evidente porque todos os inumeráveis apelos escritos por ele estejam relacionados aos leigos.“O Apostolado Católico, além da finalidade de concorrer com a contribuição a propagação da fé entre os infiéis, se propõe a despertar e mantê-la nos cristãos e, bem oferta, faz servir a sua finalidade o exercício de cada profissão, trabalho, arte, oração, todas as obras de caridade e do ministério apostólico”.

Sabemos da admiração e do respeito que Gregório XVI e Pio IX mantinham para com o nosso santo. Tantos outros Papas fizeram referência direta ao nosso fundador durante pregações, sermões e homilias. Sua canonização realizada no decorrer do grande Concílio Vaticano II, pelo Papa João XXIII, revela a sua importância na transformação do pensamento eclesial no que diz respeito, especialmente, à vocação e o apostolado laical.

No dia 1º de setembro de 1963, durante as férias de verão, o Papa Paulo VI encontrava-se em Castel Gandolfo e dirigiu-se à vizinha cidade de Frascati, para venerar o corpo de São Vicente Pallotti, exposto na Catedral para veneração dos fieis. Durante a
Papa Paulo VI
celebração eucarística, por ele presidida, pronunciou uma importante homilia na qual destacou o profetismo e o pioneirismo de nosso santo fundador. Sua homilia reveste-se de particular importância, pronunciada entre a primeira e a segunda sessão do Concílio Vaticano II, abordando diversos aspectos do apostolado leigo, inseridos posteriormente nos documentos conciliares que referem diretamente ao laicato.


Paulo VI tinha a firme convicção e certeza de que São Vicente Pallotti foi um precursor que antecipou de quase um século o apostolado leigo na Igreja, a descoberta que, também os leigos são chamados a assumirem a missão de apóstolos. Paulo VI afirma que São Vicente Pallotti “fez brotar energias novas e deu ao laicato consciência de suas possibilidades na prática do bem. Não só aceitação passiva e tranquila da fé, mas a profissão ativa e militante desta mesma fé.”

O termo Precursor nos recorda São João Batista, o precursor do Messias, aquele que preparou os caminhos do Senhor, o grande Profeta que indicava a quem, realmente, era preciso seguir. Na espiritualidade Palotina, este termo encontra-se inserido em um contesto de grande transformação que envolveria toda a vida eclesial, não somente em um determinado período histórico, mas que a partir do Concílio Vaticano II, estará sempre presente nas reflexões da Igreja, por se tratar de uma realidade que envolve todos os cristãos.

Percebemos, na atualidade, que esta grande novidade proposta por São Vicente Pallotti e assumida pela Igreja, encontra-se ainda para muitos leigos obscura e tantas vezes não compreendida, necessitando ser, ainda hoje, encorajadas, desenvolvidas e atualizadas.

São Vicente Pallotti percebeu o vazio, o vácuo moral e espiritual do seu tempo, marcado por revoluções sociais e pela falta de respeito a dignidade do ser humano. Segundo Pallotti é preciso recompor uma sociedade cristã no qual todos se sintam convidados e responsáveis pela construção de um mundo mais digno e solidário. Somos responsáveis, responsáveis pelo nosso tempo, responsáveis pela vida dos nossos irmãos e irmãs; somos responsáveis da nossa consciência cristã, somos responsáveis diante de Cristo, diante da Igreja, diante da história, diante de Deus. Para São Vicente Pallotti, todo cristão deve “procurar não somente a própria salvação, mas a salvação eterna do outro”. Sendo ser humano, imagem e semelhança de Deus, que é caridade por essência, encontra-se obrigado a isso por razão da própria criação.

Nosso Santo viu que o leigo pode tornar-se elemento ativo na vida da Igreja e dizer conscientemente: “também eu devo fazer alguma coisa. Não posso ser somente um instrumento passivo e insensível”.

Memorial da Visita de Paulo VI
A homilia proferida pelo Papa Paulo VI provoca em todos os que a lêem com atenção, certa comoção, pois se trata da autoridade máxima da Igreja que, ao referir-se ao nosso Santo Fundador, o faz com grande amor, veneração e entusiasmo. Suas palavras demonstram conhecimento profundo da espiritualidade de São Vicente Pallotti e apresenta um aspecto antropológico presente nos escritos de nosso fundador.


Afirma Paulo VI: Pallotti vê – e eis a descoberta – vê que é possível, vê que há alguma coisa escondida que pode emergir desta psicologia do homem caído, do homem fraco, do homem habituado à própria fraqueza. Vê que o homem é redimível, vê que o homem pode ser recomposto em estatura e em forma nova. Vê que, educado, pode fazer surgir o santo, o herói, o grande, o homem verdadeiro, o homem culto, o homem bom, o homem da sociedade, como estamos idealizados, da sociedade nova, da sociedade moderna”.

Somos encorajados a não desanimarmos em nossa caminhada de fé e a assumirmos nossa missão com responsabilidade e amor.  Hoje, mais do que nunca, somos convocados pelo próprio Deus a manifestar ao mundo nosso compromisso cristão, não somente com belas palavras, mas, sobretudo e especialmente, com ações concretas, recordando constantemente a eficácia dos gestos em um mundo conturbado, que não tem tanto tempo para escutar. Todos os que se empenham na ação apostólica são convocados a transmitir o amor de Deus e realizar obras concretas para demonstrar a Sua presença neste mundo, e ainda trabalhar com incansável zelo pela realização do Seu Reino, com constante entusiasmo e prontidão.

Oração: São Vicente Pallotti, vós buscastes, em tudo e sempre, a glória de Deus, ensinai-nos a seguir vosso exemplo luminoso, para que glorifiquemos a Deus pela santidade de nossa vida e de nossas obras. Acendei em nós o desejo de colaborar ativamente na difusão da fé e da caridade, para que o Reino de Cristo se estenda por toda a terra. Amém.
De Roma, Pe. Elmar Neri Rubira, SAC.