segunda-feira, 31 de maio de 2010

Como era Vicente Pallotti - Aspectos físicos e sua personalidade




Apresentarei neste Blog uma série de textos referentes ao biotipo de Pallotti (suas características físicas e psicológicas), visto que ele nunca se deixou pousar para retratistas, durante toda a sua vida. O que apresentaremos aqui é a maneira como Paul De Geslin, um de seus primeiros colaboradores na Obra Apostólica, viu e analisou a pessoa do Santo Fundador. De Geslin foi enviado por Pallotti para trabalhar na França, quando os membros da nova fundação não passavam de oito pessoas.
As atualizações poderão ser acompanhadas pela numeração.

1- O perfil de Pallotti



Porte bem pequeno e um pouco encurvado, uma pessoa vivaz, mas não nervosa: cada um dos seus gestos parecia dizer que ele achava a vida bem curta e que não queria perder um só instante da mesma. Sua cabeça, grisalha, era já completamente calva, na frente, e deixava ver, em toda a sua amplidão, uma bela fronte, ampla e branca como o marfim: seus traços eram proporcionados e finos; e seus olhos negros tinham uma expressão profunda; mas neles se manifestava, sobretudo, o sentimento de uma extrema doçura.
Vicente Pallotti sentiu em si mesmo o impulso característico de todo ser vivo: o impulso de crescer, de ligar-se, de entrar em contato com a realidade. Sentiu-se impelido a tomar contato com toda a realidade e sob todos os aspectos possíveis. Desejou ligar-se e relacionar-se com tudo o que existe e com tudo o que é possível e sobretudo com o Ser absoluto.
Dotado de uma grande sensibilidade, era sensível a tudo o que era bom e belo.
Sabia alegrar-se com a presença do belo e do bom, mas se entristecia profundamente, diante do mal causado sobretudo pela maldade humana.
É claro que o exercício da sua vida sensitiva estava condicionado à sua inteligência que lhe mostrava o que era belo e o que não o era. Daí se compreende também a sua luta implacável contra o mal e o seu empenho incansável em favor do bem e do máximo bem.
Além de uma grande sensibilidade, Vicente Pallotti tinha sobretudo uma grande inteligência, uma grande vontade e um grande coração, o que lhe assegurava uma grande capacidade de amar e de servir.
Podemos assim compreender as suas incontidas ânsias de transpor o finito e o limitado e de abarcar o todo; a sua ânsia de amar tudo o que é amável, de fazer todo bem possível e destruir todo mal possível.
Sua dimensão humana


2- Sua dimensão humana

Havia alguma coisa de harmonioso em toda a sua pessoa, no seu comportamento, nos seus mínimos movimentos: nele, jamais uma impaciência; em seus lábios, jamais uma palavra que ferisse; jamais lhe escapava um gesto brusco sequer; jamais um propósito inútil.
Até no seu andar se adivinhava que a preocupação constante deste homem era realizar, na sua vida e nos seus atos, esta prescrição do Espírito Santo: Não deixar perder nenhuma parcela do dom de Deus.
Vicente Pallotti era dotado também de uma boa memória e de uma grande fantasia, como mostram as suas anotações espirituais: não se cansava de acentuar a infinitude de Deus e a finitude do homem, a bondade de Deus e a maldade humana e multiplicava os meios para expressar a sua gratidão a Deus.
Vicente Pallotti tinha também dotes artísticos, pois sabia expressar-se muito bem e, segundo seus biógrafos, tinha pendor para a música, embora não a tenha cultivado.

3- Identidade moral

Marcada pela sua grande inteligência e por sua grande vontade de amar e de servir e pelo bom uso de todos os dons recebidos da natureza e de Deus.
Ele desejou ardentemente conhecer todas as coisas, todas as criaturas divinas, todas as criaturas presentes, passadas e futuras e sobretudo queria conhecer o mais possível Deus.
Queria amar todas as criaturas e queria também superar todos os males e ajudar a todas as pessoas necessitadas.
Queria amar sem limites a Deus e a todas as criaturas.
Além de uma grande inteligência aberta a todo o ser e uma vontade aberta a todo bem e fascinada pelo sumo Bem, ele possuía uma grande sensibilidade diante de tudo o que não é bom e belo. Por isso, sua grande alegria diante do bem e sua grande tristeza diante de toda forma de mal.
Expressava sua alegria diante do bem através da congratulação e do louvor a Deus e às criaturas, particularmente aos seres humanos.
Sua sensibilidade diante do mal traduzia-se na compaixão e no empenho em superá-lo e em destruí-lo até a raiz. Queria ajudar os feridos pelo mal, libertando-os do mal e ajudando-os a não recaírem no mal.
Assim como ele descobria as possibilidades do bem, descobria também as possibilidades do mal e estas possibilidades eram um estímulo para ele trabalhar sem descanso em favor da promoção do bem e da destruição do mal.

4- Identidade cristã

Se todo cristão é chamado a ser um irmão de Cristo e um seu imitador, um outro Cristo, como é que Vicente Pallotti imitou o Cristo no conhecer, no amar e no trabalhar?
A partir da revelação divina, vemos que Deus tem sempre a iniciativa de criar, de salvar e de glorificar a sua criatura.
Deus aproxima-se dela, a fim de abençoá-la e torná-la uma bênção para todos os outros, como fez com Abraão e com Maria.
Assim também aconteceu com São Vicente Pallotti. Deus o abençoou e tornou-o uma grande bênção para muitas pessoas e comunidades e inclusive para a Igreja.
Através de seus pais, de seus catequistas e mestres, de pessoas santas e sobretudo através da sua Palavra contida na Escritura e na vida da Igreja e de muitos membros santos, Vicente Pallotti descobriu a identidade de Deus e também a sua identidade, razão por que a vida de Cristo marcou toda a sua vida, todo o seu trabalho e inclusive a sua morte.
Vicente Pallotti viu e também desejou que a vida de Cristo fosse a sua vida e também que o agir de Cristo fosse o seu agir.

Aos 21 anos, expressou o seu desejo de ser todo transformado em Cristo. Este seu desejo, esta sua vontade de ser todo transformado em Cristo perpassou toda a sua vida e todo o seu agir.
A imagem de Jesus Cristo, o apóstolo do Pai eterno, tocou, fascinou e atraiu Vicente Pallotti que por ela pautou toda a sua vida cristã e também o seu apostolado.
Se todo cristão é chamado a imitar Jesus Cristo, nem todos o imitam da mesma maneira, nem todos encarnam a mesma imagem de Cristo.
São Bento, São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola são grandes cristãos, mas cada um deles o é a seu modo.

Para São Bento: Cristo é o grande adorador do Pai, aquele que vive em comunhão com o Pai, na oração e no trabalho.
Para Francisco de Assis: Jesus Cristo é o grande Irmão que se fez pobre para enriquecer seus irmãos.
Para Tomás de Aquino: Cristo é aquele que escuta o Pai e fala do Pai, o contemplativo do Pai e o revelador do Pai.
Vicente Pallotti: Jesus Cristo é o apóstolo do Pai Eterno e sua grande e forte aspiração era ser todo transformado em Cristo apóstolo do Pai.
Ele queria que a vida do Cristo apóstolo fosse a sua vida e que o apostolado de Jesus Cristo fosse o seu apostolado.
Ele queria ter os olhos, o coração e as mãos do Cristo apóstolo.
Viu não apenas com seus olhos físicos, mas sobretudo a sua inteligência enriquecida e iluminada pela revelação divina.
Graças à sua inteligência enriquecida pela revelação divina e pelo dom da fé que lhe possibilitava acolher e entender a revelação divina, Vicente Pallotti pôde ter uma belíssima imagem de Deus e de todas as criaturas, bem como também ver as relações de Deus com as suas criaturas, as relações das criaturas com Deus e as relações das criaturas entre si mesmas.