sexta-feira, 5 de julho de 2013

Memória Histórica de Pallotti - Casa Geral dos Palotinos - Roma

 
No segundo andar da Casa Geral da Sociedade do Apostolado Católico, em Roma, se encontram três quartos acima citados, que foram reestruturados e renovados em 2007. Quando Vicente veio morar na casa em 1846, recebeu apenas dois quartos, que usou respectivamente como uma Capela privada e uma sala para encontros.










O que hoje conhecemos como seu quarto foi de fato, no seu tempo, um corredor. Os quartos contém tantas diversos objetos que são ligadas a Pallotti, mas falaremos apenas daqueles que nos parecem mais pessoais e interessantes.

Começando com o museu de memórias (já no tempo de Pallotti, a sala do Conselho), na entrada, à direita se encontra uma vitrine que contém o hábito capuchinho usado por São Vicente por muitos anos durante seu repouso noturno, uma casula branca, o cálice e o missal e um hábito de lã preta com a faixa.





Na parede à direita, se encontra no centro o busto de gesso de São Vicente, proveniente do quarto de Leão XIII que foi doado à Sociedade após a morte do Pontífice. Ao lado pode-se ver também o Monte da perfeição concebido e preparado por Pallotti, inspirando-se naquele de São João da Cruz, no qual São Vicente destacou ainda mais o lugar central da caridade no caminho espiritual.











Uma outra vitrine contém vários objetos que pertenceram a Pallotti, incluindo o breviário, a Bíblia, o crucifixo com uma corrente que usava para pregar as santas missões, o Rosário, vários instrumentos de penitência e a casula roxa original e um crucifixo seu com o qual foi enterrado e que foi conservado após a primeira exumação para o reconhecimento canônico de 1906.


Em outro armário contém as Obras Completas (13 volumes) e as Cartas (8 volumes) de São Vicente juntamente com algumas biografias. Na parede, entre as duas janelas foi colocado um armário sobre o qual se encontra uma pequena estátua de bronze de São José, que Vicente recebeu como presente do Cardeal Luigi Lambruschini.

Uma vitrine ao lado direito contém a máscara de gesso original que foi feita de seu rosto imediatamente após a morte, o formato das mãos em gesso, a vela que foi acesa quando ele morreu e uma outra à esquerda abriga um seu caderno autógrafo de Matemática e uma caixinha com a imagem de “Nossa Senhora do Divino Amor” que ele costumava usar em seu pulso a fim de que fosse beijada em lugar de sua mão.
 






Na parede, ao lado esquerdo encontra-se vitrinas com o seu chapéu, luvas, guarda chuva, aparelho de barbear, e ainda, xícaras, pratos, sapatos, o garfo e a colher com os cabos longos pertencentes a Venerável Elisabetta Sanna.
 
Ao entrar na Capela, acima do altar original, onde São Vicente muitas vezes celebrou diariamente a Santa Missa encontra-se hoje um grande crucifixo de “cartapesta”. Acima dele, apoiado em um ângulo da parede foi colocado uma grande pintura em óleo, da Trindade sobre uma mesa (estima-se que remonta aos meados do século XIX), que representa na parte superior, Deus Pai Eterno com os braços abertos e o triângulo que simboliza a SS. Trindade, atrás da cabeça o Espírito Santo representado pela pomba e em baixo o Filho representado com a hóstia e o cálice apoiados sobre o hemisfério terrestre, todas as três pessoas divinas radiantes de luz. A forma da pintura sugere que a madeira foi originalmente a cabeceira de uma cama.
 

Também de particular interesse são as pinturas das Estações da Via Sacra que Pallotti mesmo colocou no alto, em torno das outras três paredes. Sobre a parede à direita foi colocado um quadro da imagem “Mãe do Divino Amor” que São Vicente tinha grande veneração, que foi encomendada por ele e confeccionada provavelmente pelo artista Serafino Cesaretti.

Na mesma parede, no lado oposto do altar se encontram dois quadros da crucificação que são muito sugestivos: o primeiro liga a cruz à imagem de uma prensa e a outra retrata dois mundos contrastantes: o mundo que está aberto a Cristo e aquele que se fechou a Ele; é a este último que o Cristo da Cruz dirige o seu olhar amoroso.









Sobre a pequena porta de madeira, na entrada do seu quarto, existe uma tabuinha onde está escrito que neste lugar São Vicente passou os últimos anos de sua vida, isto é, da Quaresma de 1846 até o dia da sua morte, no dia 22 de Janeiro de 1850. Está anexado também um pequeno cartão com uma lista dos diferentes lugares, ligado a um pino com uma corrente: quando Pallotti saía, tinha o hábito de colocar o pino em um buraco ao lado do nome, na lista que indicava onde ele poderia ser encontrado.
 














Nesta pequena sala confessou sacerdotes e outros homens de todas as classes sociais e de todas as profissões desde 1846. Ao entrar no quarto, encontra-se logo sobre a parede, à esquerda, as Meditações (31 pontos) de São Vicente sobre a Eucaristia para cada dia do mês e junto o relógio da Paixão (24 pontos). No lado direito do quarto se encontra uma escrivaninha proveniente da casa paterna, sobre a qual foi colocado um quadro em forma de capelinha que representa “Nossa Senhora Corredentora”. Acima, há uma grande pintura de “Nossa Senhora das Dores” - "Pietà".













Nas paredes estão pendurados vários outros quadros que pertenceram a Vicente Pallotti, incluindo os de S. Vicente de Paula, S. Francisco Xavier, o encontro entre São Francisco de Assis e São Domingos e de São Bento José Labre (chamado o mendigo de Deus) para os quais São Vicente teve grande devoção.

No lado esquerdo do quarto há um armário dividido em dois para acomodar um genuflexório e a representação do Calvário de Cristo que, segundo a tradição, foi preparado pessoalmente por Pallotti: inclui uma cruz de madeira que possui a figura de um Cristo ensanguentado, ladeado por duas cruzes de madeira (vazias) e como fundo, uma pintura da colina do Calvário. Ao lado da cruz central tem a inscrição autógrafica de Pallotti, em latim, grego e hebraico, 'Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus’ (cf. Jo 19, 19-20), sob a qual escreveu alguns propósitos a respeito de sua vida espiritual que data o ano de 1816. A base onde se apoia os joelhos está inclinada em um ângulo de modo a desencorajar o sono. Pallotti transcorria muito tempo em oração diante do Calvário realístico que o ajudou a meditar sobre os sofrimentos de Cristo.

Próximo a ele há uma biblioteca com alguns livros usados por Pallotti, incluindo a Bíblia em latim, em seis volumes. Nas paredes estão pendurados vários quadros que retratam santos venerados por ele, como São Francisco de Assis, Santo Stanislaus Kostka, etc. Dois quadros de particular importância são o de “Nossa Senhora com o Menino Jesus” chamado de “Nossa Senhora do Preciosíssimo Sangue” e o esboço a lápis, feito pelo mesmo Pallotti, do retrato de Pietro Paolo Pallotti, seu pai, desenhado pelo mesmo Pallotti com a transcrição das notas manuscritas do Santo.

Também se encontra a pequena cama de Pallotti, na qual o Santo estava deitado no momento de sua morte, com lençóis e cobertores da época. A cama é feita a partir de um cadeirão empalhado e sobre o qual é estendido o colchão de palha grossa que lhe foi imposta pelos médicos durante a sua última doença; é coberto por um lençol e um acolchoado comum do seu tempo.

Nesta cama ele passou os últimos momentos e desta cama deu a sua última bênção aos filhos espirituais: “A congregação será abençoada por Deus e prosperará; e isto vos digo não porque tenho confiança mas porque tenho certeza!” Por mais ou menos um mês após sua morte, algumas pessoas experimentaram um perfume de bálsamo no quarto, também atestado por Mons. Angelini, tenente civil do Vicariato de Roma no seu tempo.

Texto: Boletim mensal da UAC - Roma, mês de julho de 2013 e as fotos do Instituto Palloti - Roma..