quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma obra abençoada por Deus



Uma Igreja profundamente ferida

D.: “Todos os fundadores partiram de uma viva e forte percepção das necessidades da humanidade e da Igreja. Pallotti percebeu e sentiu, de modo especial, as grandes necessidades do mundo e da Igreja. Fez isso, iluminado pela fé e pelo conhecimento que ele teve do mundo e da Igreja.

L.: Pallotti constatava que a grande maioria da humanidade desconhecia ainda Jesus Cristo e não acreditava nele e por isso era infiel. Para ele, tais pessoas necessitam urgentemente de ajuda.
T.: Pallotti viu e sentiu as grandes necessidades da Igreja do seu tempo, profundamente ferida pela Revolução Francesa que quis substituir Deus pelo ser humano e criar uma sociedade humana sem Deus e sem Jesus Cristo. Desencadeou uma luta contra a Igreja em todos os campos e perseguiu e matou também muitos cristãos. Procurou desmoralizar a Igreja e tudo aquilo que se referia a Deus.
D.: Como consequência, houve uma grande diminuição das forças missionárias na Igreja e faltaram os operários necessários para evangelizarem o mundo e também para conservarem a fé cristã, onde ela se encontrava.Via também um grande número de fiéis separados do verdadeiro rebanho de Cristo. A presença dos pobres e doentes o entristecia e o comovia, mas o que mais o fazia sofrer, era ver a maior parte da humanidade privada da luz e da presença salvadora de Jesus Cristo.

L.: Pallotti percebeu que o mundo precisava ser evangelizado, para ser salvo por Jesus Cristo e ter a vida eterna. Como não há evangelização sem evangelizadores, e estes eram muito escassos, era preciso multiplicá-los e qualificá-los, isto é, formá-los, habilitá-los e enchê-los do espírito de Cristo.

T.: Pallotti não percebeu apenas o lado negativo da realidade. Percebeu e sentiu as coisas boas e positivas que aconteciam. Percebeu uma grande necessidade de fé em toda parte e inclusive nos povos que não eram cristãos, nos quais viu boas disposições para abraçarem a religião católica.
D.: Com muito, pesar Vicente Pallotti notava e sentia o esmorecimento da fé e o esfriamento da caridade cristã. Lamentava que muitos cristãos já não eram animados pelo espírito que animava os primeiros cristãos. O jovem padre Vicente Pallotti queria, portanto, reavivar em todos os fiéis o “espírito fervoroso dos primitivos cristãos”.

T.: Reavivar a fé e reacender a caridade tornou-se um refrão na palavra e nos escritos de Pallotti.

L.: Quais foram os sentimentos e as reações de São Vicente Pallotti diante das enormes necessidades do mundo e da Igreja?
D.: Nele aparecem os mesmos sentimentos de Cristo, Apóstolo do Pai eterno. O Espírito Santo fez com que ele penetrasse profundamente no coração do Cristo e fizesse seus os sentimentos do próprio Cristo, Apóstolo e bom Pastor. A exemplo de Cristo, tomado de compaixão à vista das pessoas enfraquecidas e abatidas, como ovelhas sem pastor e sujeitas a muitíssimas fraquezas (Mt 9,35s), São Vicente Pallotti era incapaz de olhar com indiferença para tantos irmãos ameaçados de se perderem para sempre, mas era impelido pela caridade de Cristo a rezar e a socorrer com as obras, o mundo necessitado de salvação. Desejava ardentemente que todo o mundo fosse reconduzido a um só rebanho e a um só pastor. A exemplo de Cristo que ordenou pedir ao Pai a multiplicação dos operários evangélicos, Pallotti desencadeou um movimento de oração na Igreja, em favor da multiplicação dos operários evangélicos e da sua formação e sustento.

L.: Guiado pelo Espírito Santo, Pallotti compreendeu os sentimentos de Cristo e penetrou no sentido mais profundo da palavra de Deus e entendeu que toda a Igreja e todos os seus membros são chamados a se empenharem na continuação do apostolado de Jesus Cristo ou na prolongação da sua missão no mundo. Pallotti compreendeu que Deus quer que o ser humano coopere ativamente na salvação eterna do seu próximo. Não apenas os ministros ordenados, mas também todos os cristãos estão chamados a cooperarem eficazmente na propagação da fé no mundo inteiro e a ajudarem o próximo a conseguir a sua felicidade eterna.

T.: Para Pallotti, portanto, todos os homens e mulheres, pelo fato de serem imagem e semelhança de Deus, devem empenhar-se em ajudar o próximo. A obrigação de contribuir para a salvação eterna do próximo é vista por ele no mandamento de amar o próximo como a nós mesmos.

D.: Na sua mente e coração, foi amadurecendo a idéia de despertar em todos os cristãos o espírito apostólico ou missionário de Jesus Cristo e de motivar toda a comunidade cristã a engajar-se na propagação da fé no mundo inteiro, pois a propagação da fé ou a evangelização de todos os povos ou a reunião de todos os seres humanos no mesmo rebanho de Cristo é a obra mais própria da comunidade cristã, a mais necessária para a humanidade, a mais agradável a Deus e a mais meritória para todos os fiéis.

L.: Guiado e também estimulado pelos pedidos de ajuda material e espiritual, que continuamente chegavam a ele e aos seus companheiros, e também pela resposta generosa de tantos cristãos em favor dos irmãos necessitados, junto com seus companheiros São Vicente Pallotti quis fundar uma associação de fiéis que, unidos entre si pela caridade de Cristo e movidos por esta mesma caridade, procurassem multiplicar todos os meios espirituais e materiais necessários e oportunos para reavivar a fé e reacender a caridade entre os católicos e para propagá-la no mundo inteiro, a fim de que, quanto antes, houvesse um só rebanho e um só pastor.

T.: Mas qual é mesmo o carisma de São Vicente Pallotti?

D.: Podemos dizer que é o resgate e a promoção do apostolado católico na Igreja, isto é, do apostolado que corresponde a todos e a cada um dos fiéis. Ele foi o grande batalhador do apostolado universal, o apostolado de todos e de cada um. Ele fundou uma comunidade eclesial apostólica a serviço do apostolado universal.
Para refletir: o que São Vicente Pallotti apresentou como diferente para a Igreja de seu tempo? O que ele me inspira a fazer, segundo o seu desejo, em minha comunidade?
Oração para obter misericórdia.

Meu Jesus, minha infinita, imensa, incompreensível misericórdia.
Vós me dais a vossa própria misericórdia e me transformais em vossa misericórdia e fazeis que a minha vida seja uma vida toda de obras de misericórdia corporal e espiritual, em benefício de todos. E onde eu não posso chegar por meio dos meus esforços, fazei-o Vós com a plenitude da vossa própria misericórdia, para chegar a infundir a vossa misericórdia em todo o mundo, por todo o tempo e por toda a eternidade. Amém.

São Vicente Pallotti, rogai por nós.
Do livro: Itinerário espiritual palotino - Meditação 5