terça-feira, 15 de junho de 2010

Como Vicente Pallotti via Cristo, Deus Pai, Maria ...

(Atualizado, número 7, sobre Maria)

1- Viu tudo com o olhar de Cristo apóstolo

Viu não apenas com seus olhos físicos, mas sobretudo a sua inteligência enriquecida e iluminada pela revelação divina.
Graças à sua inteligência enriquecida pela revelação divina e pelo dom da fé que lhe possibilitava acolher e entender a revelação divina, Vicente Pallotti pôde ter uma belíssima imagem de Deus e de todas as criaturas, bem como também ver as relações de Deus com as suas criaturas, as relações das criaturas com Deus e as relações das criaturas entre si mesmas.

2- Via Deus como, o amor infinito

No seu último escrito, de 1849, Vicente Pallotti dizia:
Iluminado pela santa fé, creio que existe um Deus eterno, infinito, imenso, incompreensível, infinitamente feliz em si mesmo, desde toda a eternidade. Uno na essência e trino nas pessoas:
Pai, Filho e Espírito Santo, infinito nos atributos e perfeições; onipotente, pode fazer tudo, exceto o pecado e a morte, porque é vida por essência e santidade infinita.

Creio que a primeira pessoa se chama Pai, porque gerou e gera, desde toda a eternidade e por toda a eternidade, a segunda pessoa que é e se chama o Filho. “E creio que Deus mesmo, sem ter necessidade das criaturas, igualmente com amor infinito e movido pela sua infinita misericórdia, criou do nada o céu e a terra e tudo o que existe no céu e na terra”.

Mas por que Deus decidiu criar o mundo?

Vicente Pallotti diz que Deus Uno e Trino criou todo o universo, o universo visível e o universo invisível, para difundir-se em todas as suas criaturas, Ele que é o eterno, o infinito, o imenso, o incompreensível.
Movido pelo amor, o Pai, através de seu Filho, o Verbo eterno, criou o mundo visível e o mundo invisível. O mundo visível é o mundo acessível aos olhos e aos outros sentidos e, no seu centro, está o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.


3- Deus misericórdia infinita

Se não tivesse havido pecado no mundo, Deus seria simplesmente amor. Mas, como houve pecado no mundo, o amor de Deus transformou-se em misericórdia e misericórdia infinita. A misericórdia é “o amor feito perdão” (François Varillon).
E a misericórdia de Deus manifestou-se em não ter abandonado o homem pecador, mas em tê-lo salvado. A misericórdia de Deus manifestou-se sobretudo no envio do seu Filho como Salvador do mundo (Jo 3,16s).

Jesus Cristo é, portanto, a máxima manifestação do amor misericordioso do Pai celeste ao mundo ferido pelo pecado. Ele é o maior dom de Deus ao homem, a sua resposta misericordiosa ao homem pecador.

4- Como Pallotti via Jesus Cristo

Como o apóstolo do Pai eterno.

O próprio Jesus Cristo viu-se a si mesmo como o enviado do Pai ao mundo para salvar o mundo (Jo 3,16s). Mas qual foi a missão ou o apostolado que o Pai confiou a Cristo, ao enviá-lo ao mundo? A missão de salvar o mundo: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,16-17; 6,38-40). E Jesus Cristo só tinha uma preocupação: cumprir a vontade salvífica do Pai (Jo 4,34; 5,30; 6,38.39).

Quanto a isto, escreve Vicente Pallotti:
“O apostolado de Jesus Cristo é a sua obediência ao preceito do Pai celeste, vale dizer, é a própria obra da redenção”.

Vicente Pallotti via Jesus Cristo intimamente unido ao Espírito Santo e fortalecido, animado e impelido por ele.

Também Vicente Pallotti viu o Espírito Santo como a fonte de todo apostolado e missão, razão por que escolheu como força propulsora de todo apostolado a caridade de Cristo (2 Cor 5,14) derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

Pallotti via Jesus Cristo como o maior dom do amor e da misericórdia infinita de Deus. Via-o também como seu irmão primogênito e como seu modelo.
Para Vicente Pallotti o amor infinito e a misericórdia infinita de Deus se manifestam em ter-nos dado seu Filho divino feito homem para a redenção de nossa alma.
5- Vicente Pallotti e os anjos

Pallotti sentia-se muito ligado aos anjos e arcanjos e tinha uma especial devoção aos mesmos. Apelava sempre para os seus merecimentos e implorava a sua poderosa intercessão junto a Deus.
Os anjos aparecem como enviados de Deus a serviço do seu povo. Também no Novo Testamento os anjos auxiliam o Cristo e também os cristãos.
Pallotti via os anjos no seu ser e na sua função.
Quanto ao seu ser, os anjos são espíritos puros, ao passo que o ser humano não é um espírito puro, mas um espírito encarnado. Vicente Pallotti chama-os de “espíritos beatíssimos.
Quanto à atuação dos anjos, sua atuação refere-se a Deus e aos seres humanos.
Em relação a Deus, “todos os anjos estão sempre ocupados em amar, louvar, bendizer, adorar, contemplar e agradar a Deus Pai, Filho e Espírito Santo”.
Os anjos estão sempre “às ordens de Deus e Deus está sempre ocupado em comunicar aos homens seus dons, suas graças, suas misericórdias, ou por si mesmo ou ordinariamente por meio dos anjos da guarda”.
Em todas as suas orações de agradecimento e de súplica, Vicente Pallotti incluía sempre os anjos e, em seu último escrito, ele descrevia amplamente a sua ação em favor dos seres humanos a caminho do fim último.
Pallotti e os santos
Vicente Pallotti via os santos com os olhos de Jesus Cristo, isto é, primeiramente como dons do Pai celeste.
Considerava os santos como dons especiais de Deus e como seus irmãos maiores, como seus modelos e como seus intercessores.
Devo também recordar que Deus, ao ter-me dado Jesus Cristo como irmão primogênito, me deu também como irmãos todos os santos do Antigo e do Novo Testamento.
Vicente Pallotti admirava todos os santos e santas, congratulava-se com eles, invejava-os e valia-se sempre de sua intercessão.
Queria fazer tudo para a glória de Deus, mas também para a glória dos Santos.
“Quero fazer tudo para a glória de Deus, de Jesus, de Maria, dos anjos, dos santos, em sufrágio e libertação das almas do purgatório, a fim de que eles peçam ao Senhor que me conceda as graças que desejo”.

6- Pallotti e os seres humanos

Pallotti via todos os seres humanos no mundo à luz da revelação divina e à luz da fé, isto é, a partir de Jesus Cristo. E, para Jesus Cristo, todos os seres humanos eram um dom do Pai, mas também uma tarefa.
Jesus queria que todos os seus irmãos humanos se tornassem também seus irmãos divinos, isto é, como ele filhos de Deus. Para que todos os homens se tornassem filhos de Deus, o Filho eterno do Pai se encarnou e se tornou Deus feito homem.
Reunir todas as ovelhas num só rebanho.
E Jesus não quis cumprir sozinho a vontade salvífica do Pai mas, desde o começo até o fim, quis associar também os seus irmãos. Em função da salvação de todos é que Jesus Cristo se encarnou, rezou, fez milagres, instruiu os discípulos, deu a sua vida, ressuscitou, subiu ao céu e enviou o Espírito Santo .
De modo semelhante viu Vicente Pallotti os seres humanos, isto é, à luz da revelação e do modo de agir de Jesus Cristo. Ele procurou abraçar todos os homens no seu amor e nas suas preocupações cristãs apostólicas.
Reconheceu que todos são criaturas especiais de Deus, chamadas à salvação e à participação na vida divina por meio de Jesus Cristo.
Como o Cristo tinha compaixão da multidão faminta, enfraquecida, doente, aflita, também Vicente Pallotti sentia compaixão de todos os que sofriam e queria aliviá-los como queria Cristo.


7- Como via Maria

Pallotti via Maria como o maior dom de Deus, depois de Jesus Cristo. Ele acolheu este dom e procurou valorizá-lo, em toda a sua vida em todo o seu trabalho.
Durante a sua doença em Ósimo, em 1840, Vicente Pallotti reconhecia que “o amor infinito de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe deu por mãe a sua própria mãe santíssima”, “dom preciosíssimo”; e pedia a Deus a graça de “corresponder perfeitamente ao dom que nos fez nosso Senhor Jesus Cristo, dando-nos por mãe a sua santíssima Mãe Maria”.

Além de vê-la como excelente dom de Deus, via-a como Mãe, como Mestra, como Intercessora.
Mãe é o título mais querido e mais usado por Vicente Pallotti. Ele atribuía muitos adjetivos a Maria: mãe amantíssima, enamoradíssima, puríssima, santíssima, misericordiosíssima.
Via Maria como mãe amantíssima e via-se a si mesmo como seu filho amado e querido.

Como mãe da misericórdia, chegou às raias do incrível e do inesperado, pois, para torná-lo mais semelhante ao seu Filho Jesus, ela quis celebrar o matrimônio espiritual com seu filho Vicente, dando-lhe o reconhecimento de Jesus Cristo e prometendo-lhe obter do Espírito Santo a graça de ser todo ele transformado no mesmo Espírito Santo.
Os títulos mais usados e significativos aparecem já nas suas primeiras anotações espirituais e sobretudo nos seus primeiros escritos, publicados em honra de Maria, os três meses de maio. Em 1816, chamava Maria de Mestra.

No seu retiro de 1826, escrevia: “Maria santíssima é a mestra da vida espiritual.
Vicente Pallotti queria imitar Maria assim como queria imitar Jesus Cristo e por isso queria que a vida de Maria fosse a sua própria vida.
Em 1816, ele iniciava as suas anotações espirituais, propondo-se ter presente, em tudo o que fizer, como o fariam Jesus, Maria, os anjos e santos.

“Quero que todas as minhas ações e as de todas as outras criaturas sejam feitas com aquela perfeição com que as teriam feito todos os santos, Maria santíssima e Jesus”.
“Nas minhas ações e nas ações dos outros, quero pensar como as teriam feito os santos, Maria santíssima e Jesus”.

Em 1817, ele escrevia a jovens e educadores
“Se quereis caminhar a grandes passos na estrada da perfeição, segui continuamente Jesus, Maria e José, e procurai exercitar aquelas heróicas virtudes que eles, em todas as circunstâncias de tempo e lugar, praticaram de modo admirável. E procurai servir com amor estas grandes personagens”.

Vicente Pallotti não somente queria imitar Maria, mas queria ser todo transformado nela, assim como queria ser todo transformado em Cristo.

Em 1835, ele suplicava: “Seja destruída toda a minha vida e a vida da santíssima Virgem Maria seja a minha vida”.

Depois de 1844, Vicente Pallotti escrevia:
“Seja destruída toda a minha vida e tudo o que está em mim, e a vida da santíssima Virgem Maria seja a minha vida, e esteja em mim tudo o que está na santíssima Virgem Maria”.

Depois de 1845, Vicente Pallotti rezava:
“Nas tuas mãos, minha Senhora Santa Maria Imaculada, entrego o meu espírito, toda a minha vida e o meu último dia. Maria Imaculada, nas tuas mãos entrego a minha alma, toda a minha vida e o último dia, hora e momento”.

Vicente Pallotti viu também a íntima relação de Maria com Cristo na salvação do mundo e deu-lhe inclusive o título de “abismo da graça, mãe de misericórdia, corredentora do gênero humano e Rainha dos apóstolos”, dispensadora das graças e sobretudo a grande advogada ou intercessora junto de Deus em favor de todos os seus filhos e filhas na terra.