sexta-feira, 5 de julho de 2013

Memória Histórica de Pallotti - Casa Geral dos Palotinos - Roma

 
No segundo andar da Casa Geral da Sociedade do Apostolado Católico, em Roma, se encontram três quartos acima citados, que foram reestruturados e renovados em 2007. Quando Vicente veio morar na casa em 1846, recebeu apenas dois quartos, que usou respectivamente como uma Capela privada e uma sala para encontros.










O que hoje conhecemos como seu quarto foi de fato, no seu tempo, um corredor. Os quartos contém tantas diversos objetos que são ligadas a Pallotti, mas falaremos apenas daqueles que nos parecem mais pessoais e interessantes.

Começando com o museu de memórias (já no tempo de Pallotti, a sala do Conselho), na entrada, à direita se encontra uma vitrine que contém o hábito capuchinho usado por São Vicente por muitos anos durante seu repouso noturno, uma casula branca, o cálice e o missal e um hábito de lã preta com a faixa.





Na parede à direita, se encontra no centro o busto de gesso de São Vicente, proveniente do quarto de Leão XIII que foi doado à Sociedade após a morte do Pontífice. Ao lado pode-se ver também o Monte da perfeição concebido e preparado por Pallotti, inspirando-se naquele de São João da Cruz, no qual São Vicente destacou ainda mais o lugar central da caridade no caminho espiritual.











Uma outra vitrine contém vários objetos que pertenceram a Pallotti, incluindo o breviário, a Bíblia, o crucifixo com uma corrente que usava para pregar as santas missões, o Rosário, vários instrumentos de penitência e a casula roxa original e um crucifixo seu com o qual foi enterrado e que foi conservado após a primeira exumação para o reconhecimento canônico de 1906.


Em outro armário contém as Obras Completas (13 volumes) e as Cartas (8 volumes) de São Vicente juntamente com algumas biografias. Na parede, entre as duas janelas foi colocado um armário sobre o qual se encontra uma pequena estátua de bronze de São José, que Vicente recebeu como presente do Cardeal Luigi Lambruschini.

Uma vitrine ao lado direito contém a máscara de gesso original que foi feita de seu rosto imediatamente após a morte, o formato das mãos em gesso, a vela que foi acesa quando ele morreu e uma outra à esquerda abriga um seu caderno autógrafo de Matemática e uma caixinha com a imagem de “Nossa Senhora do Divino Amor” que ele costumava usar em seu pulso a fim de que fosse beijada em lugar de sua mão.
 






Na parede, ao lado esquerdo encontra-se vitrinas com o seu chapéu, luvas, guarda chuva, aparelho de barbear, e ainda, xícaras, pratos, sapatos, o garfo e a colher com os cabos longos pertencentes a Venerável Elisabetta Sanna.
 
Ao entrar na Capela, acima do altar original, onde São Vicente muitas vezes celebrou diariamente a Santa Missa encontra-se hoje um grande crucifixo de “cartapesta”. Acima dele, apoiado em um ângulo da parede foi colocado uma grande pintura em óleo, da Trindade sobre uma mesa (estima-se que remonta aos meados do século XIX), que representa na parte superior, Deus Pai Eterno com os braços abertos e o triângulo que simboliza a SS. Trindade, atrás da cabeça o Espírito Santo representado pela pomba e em baixo o Filho representado com a hóstia e o cálice apoiados sobre o hemisfério terrestre, todas as três pessoas divinas radiantes de luz. A forma da pintura sugere que a madeira foi originalmente a cabeceira de uma cama.
 

Também de particular interesse são as pinturas das Estações da Via Sacra que Pallotti mesmo colocou no alto, em torno das outras três paredes. Sobre a parede à direita foi colocado um quadro da imagem “Mãe do Divino Amor” que São Vicente tinha grande veneração, que foi encomendada por ele e confeccionada provavelmente pelo artista Serafino Cesaretti.

Na mesma parede, no lado oposto do altar se encontram dois quadros da crucificação que são muito sugestivos: o primeiro liga a cruz à imagem de uma prensa e a outra retrata dois mundos contrastantes: o mundo que está aberto a Cristo e aquele que se fechou a Ele; é a este último que o Cristo da Cruz dirige o seu olhar amoroso.









Sobre a pequena porta de madeira, na entrada do seu quarto, existe uma tabuinha onde está escrito que neste lugar São Vicente passou os últimos anos de sua vida, isto é, da Quaresma de 1846 até o dia da sua morte, no dia 22 de Janeiro de 1850. Está anexado também um pequeno cartão com uma lista dos diferentes lugares, ligado a um pino com uma corrente: quando Pallotti saía, tinha o hábito de colocar o pino em um buraco ao lado do nome, na lista que indicava onde ele poderia ser encontrado.
 














Nesta pequena sala confessou sacerdotes e outros homens de todas as classes sociais e de todas as profissões desde 1846. Ao entrar no quarto, encontra-se logo sobre a parede, à esquerda, as Meditações (31 pontos) de São Vicente sobre a Eucaristia para cada dia do mês e junto o relógio da Paixão (24 pontos). No lado direito do quarto se encontra uma escrivaninha proveniente da casa paterna, sobre a qual foi colocado um quadro em forma de capelinha que representa “Nossa Senhora Corredentora”. Acima, há uma grande pintura de “Nossa Senhora das Dores” - "Pietà".













Nas paredes estão pendurados vários outros quadros que pertenceram a Vicente Pallotti, incluindo os de S. Vicente de Paula, S. Francisco Xavier, o encontro entre São Francisco de Assis e São Domingos e de São Bento José Labre (chamado o mendigo de Deus) para os quais São Vicente teve grande devoção.

No lado esquerdo do quarto há um armário dividido em dois para acomodar um genuflexório e a representação do Calvário de Cristo que, segundo a tradição, foi preparado pessoalmente por Pallotti: inclui uma cruz de madeira que possui a figura de um Cristo ensanguentado, ladeado por duas cruzes de madeira (vazias) e como fundo, uma pintura da colina do Calvário. Ao lado da cruz central tem a inscrição autógrafica de Pallotti, em latim, grego e hebraico, 'Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus’ (cf. Jo 19, 19-20), sob a qual escreveu alguns propósitos a respeito de sua vida espiritual que data o ano de 1816. A base onde se apoia os joelhos está inclinada em um ângulo de modo a desencorajar o sono. Pallotti transcorria muito tempo em oração diante do Calvário realístico que o ajudou a meditar sobre os sofrimentos de Cristo.

Próximo a ele há uma biblioteca com alguns livros usados por Pallotti, incluindo a Bíblia em latim, em seis volumes. Nas paredes estão pendurados vários quadros que retratam santos venerados por ele, como São Francisco de Assis, Santo Stanislaus Kostka, etc. Dois quadros de particular importância são o de “Nossa Senhora com o Menino Jesus” chamado de “Nossa Senhora do Preciosíssimo Sangue” e o esboço a lápis, feito pelo mesmo Pallotti, do retrato de Pietro Paolo Pallotti, seu pai, desenhado pelo mesmo Pallotti com a transcrição das notas manuscritas do Santo.

Também se encontra a pequena cama de Pallotti, na qual o Santo estava deitado no momento de sua morte, com lençóis e cobertores da época. A cama é feita a partir de um cadeirão empalhado e sobre o qual é estendido o colchão de palha grossa que lhe foi imposta pelos médicos durante a sua última doença; é coberto por um lençol e um acolchoado comum do seu tempo.

Nesta cama ele passou os últimos momentos e desta cama deu a sua última bênção aos filhos espirituais: “A congregação será abençoada por Deus e prosperará; e isto vos digo não porque tenho confiança mas porque tenho certeza!” Por mais ou menos um mês após sua morte, algumas pessoas experimentaram um perfume de bálsamo no quarto, também atestado por Mons. Angelini, tenente civil do Vicariato de Roma no seu tempo.

Texto: Boletim mensal da UAC - Roma, mês de julho de 2013 e as fotos do Instituto Palloti - Roma..
 
 

 
 
 
 
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Exercícios Espirituais - II Semana.

 
Os noviços palotinos da América do Sul fazem a II Semana dos Exercícios Espirituais.
 
 
Humildade – uma modalidade do amor


O serviço fraterno é o primeiro gesto de amor que Cristo ensinou a seus discípulos: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
“Aquele que quiser ser o primeiro, que seja o servo de todos”.
 
O próprio Cristo dá testemunho de que Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos (Mt 20, 28). Podemos constatar o fruto da sua pregação na celebração de quinta-feira santa em que Ele lava os pés de seus discípulos, e, ao mesmo tempo, convidou-os para que também eles fizessem a mesma coisa (Jo 13, 14).
 

Servir o irmão não é uma tarefa fácil, precisa, antes de tudo, muita humildade e força de vontade para não servir-se dele.
São Pedro exorta a todos que querem viver o amor: “sejam humildes” (1Pd 3, 8), pois a humildade leva a pessoa a viver a abnegação cristã. Portanto, diante de um pedido de honrarias da parte de alguns discípulos que queriam sentar-se um à direita e outro à esquerda são exortados a ocuparem o último lugar (Mc 9, 35).
O modo evangélico de colocar-se diante do outro é através da humildade e das ações concretas no dia-a-dia, como a mãe que não esconde a alegria de servir o filho.
Só é possível o crescimento comunitário, na medida em que haja disposição entre as pessoas para lavarem os pés uns dos outros. São através dos pequenos gestos que cada um pode mostrar o seu profundo desejo de realizar aquilo que fora recomendado por Cristo: “amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos amaldiçoam”.
O humilde reconhece que tudo o que possui é graça. Ele tem consciência de que é Deus quem o procura e que sempre o perdoa e que está sempre pronto para começar tudo de novo.
Deus é um eterno apaixonado pela criatura humana, feita à sua imagem e semelhança. Por isso, submeteu-se às piores humilhações ao assumir a natureza humana para que o homem pudesse ter um rosto resplandecente como o Seu. Deus ama porque o Seu amor deve expandir-se, e a melhor forma de expansão se dá através do amor mútuo, no serviço gratuito, no morrer pelo outro como o fez Cristo.
 
Pe. Valdeci Antônio de Almeida, SAC

terça-feira, 4 de junho de 2013

A Igreja San Salvatore in Onda - Roma (Sede dos Palotinos)


A Igreja foi construida no final do século XI e início do século XII. A Igreja é dedicada ao “SS. Salvador” ao qual se acrescenta o nome “in onda”, provavelmente devido às frequentes inundações do Tibre.
A primeira menção histórica da Igreja é atestada em uma “bolla” do Papa Honório II de 1127. Originalmente tinha a forma de uma basílica com três naves. Inocêncio VII (1404 - 1406) concedeu aos monges de S. Paulo eremita que permaneceram até 1445. Por concessão de Eugênio IV (1431-1447), a Igreja com a casa vizinha passou para os Frades Menores Conventuais provenientes de “Santa Maria in Ara Coeli”, que estabeleceram a sede dos procuradores gerais. No dia 14 de Agosto de 1844, Gregório XVI (1831-1846) cedeu a Igreja de “SS. Salvatore in Onda” com a casa ao lado para Vicente Pallotti, sacerdote romano e para a comunidade de sacerdotes e irmãos do Apostolado Católico por ele fundada. Desde aquele tempo prestam serviço, os membros da Sociedade do Apostolado Católico (Palotinos). Em 1845 ele promoveu trabalhos de renovação e em 1846 se transferiu ali junto com a comunidade por ele fundada. Pio IX (1846-1878) com “o breve” de 1847 confirmou a concessão da Igreja para a Sociedade do Apostolado Católico.
Em 1867 iniciaram as restaurações da Igreja com os trabalhos da família Cassetta, sob a direção do arquiteto Luca Carimini. Eles elevaram o nível do piso térreo, conferindo à igreja o atual aspecto. No dia 06 de Agosto de 1878, a Igreja foi reaberta ao culto com a celebração da Santa Missa presidida pelo Mons. Francesco di Paola Cassetta. Os trabalhos mais recentes de restauração datam 1984.
A Igreja possui três naves, divididas por 12 colunas, uma diferente da outra, como também os capitéis. O teto tem o formato de caixa em madeira com diversas cores (século XIX). É iluminada por dez janelas com cristais multicoloridos e uma janela semicircular sobre a fachada com vista para o coro, equipada com um órgão. As estações da Via Sacra são de Domenico Cassarotti. No fundo da Igreja estão dois confessionários feitos a pedido de São Vicente Pallotti.
No fundo da nave central está o altar maior, embaixo do qual está a preciosa urna do escultor Arnaldo Brandizzi que conserva o corpo incorrupto de São Vicente Pallotti, com as vestes sacerdotais, com o rosto e as mãos de prata. No ápice, podemos ver o belíssimo cenário da Transfiguração pintado por Filippo Prosperi. No centro encontra-se a bela imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus e aos lados, os afrescos dos apóstolos Pedro e Paulo e acima deles, em dois pequenos circulos, os Santos João Nepomuceno e Felipe Neri.
No início da nave lateral, à direita está a estátua de “terracota” de Nossa Senhora das Dores, colocada por São Vicente Pallotti. Continuando pela navada se vê a estátua de Santo Antônio e uma grande placa de mármore que contém informações históricas sobre a Igreja. Depois disso chega-se à capela da B.V.M. “Virgo Potens”, construída durante a última restauração da Igreja. Sobre o altar em mármore está a imagem de Maria “Virgo Potens” em tela, doado pela ven. Elisabetta Sanna, uma das primeiras colaboradoras da União do Apostolado Católico. No chão se encontra o túmulo da ven. Elisabetta que morreu em Roma em 1857 e que está em processo de beatificação. As paredes são decoradas com pinturas de Cesare Mariani: “Judite e Olofernes”, “A Imaculada Conceição”, “A Anunciação” (todos os três de 1875), “Ester e Assuero” (1876). No final da nave à direita encontra-se o altar de mármore dedicado a São José e os santos mártires Cosme e Damião. O quadro pintado em tela foi feito por Alessandro Massimiliano Seitz (1811-1888).
Percorrendo a neve à esquerda, vemos a estátua de Jesus de Nazaré em gesso; a estátua do Menino Jesus em “cartapesta” que pertencia a Vicente Pallotti e que ele dava aos fiéis para beijar durante o Oitavário da Epifania; a placa comemorativa que lembra o lugar onde em 1850-1950 foi conservado o corpo de São Vicente Pallotti; uma cópia do quadro de Maria, Rainha dos Apóstolos pintado por Serafino Cesaretti conforme o desenho de Johann Friedrich Overbeck; a placa em memória da visita do Papa João Paulo II na Igreja “SS. Salvatore in Onda” no dia 22 de Junho de 1986 e no fundo, o altar de Santo Alessio em mármore, em alto relevo, colocado a pedido de São Vicente Pallotti.
 
Tirado do Boletim mensal da União do Apostolado Católico - Roma.


O desafio da fé

Este texto foi publicado na Revista Rainha dos Apóstolos de Porto Alegre, mês de junho de 2013.

“Quem nos separará do amor de Cristo”? Esta frase de São Paulo deve, ainda hoje, ecoar dentro de nós, para que possamos responder a Deus o verdadeiro motivo pelo qual acreditamos nele e o seguimos.
 
Muitos se perguntam, porque crer em Deus? Ainda existe a necessidade de seguir uma religião, porque sem Deus e longe da Igreja evita-se criar vínculos com alguém que pode interferir na minha liberdade. Em nome da liberdade, muitos se bastam a si mesmos e a consequência de tudo isso é o agravamento de uma pobreza espiritual. Segundo o Papa Francisco, esse tipo de pensar coloca em risco a convivência entre as pessoas, pois “não pode haver paz verdadeira se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e somente o direito próprio, sem se importar ao mesmo tempo pelo bem dos outros, de todos, começando pela natureza que é comum a todos os seres humanos sobre esta terra”, pois a religião cria espaços reais de autêntica fraternidade. Não se podem viver verdadeiros laços com Deus, ignorando os outros.
A religião, normalmente, cria pessoas capazes de enfrentar qualquer desafio com a força da fé. O homem, quando se encontra com Deus, torna-se um perigo para um sistema injusto, pois ele passa a amar mais e a condenar as injustiças. Afastando-se de Deus ele pode ficar hostil consigo mesmo e com os outros, porque o individual acaba sufocando a alteridade. Quando a presença de Deus é ofuscada, a figura humana começa a ocupar o seu lugar e tudo passa a ser permitido, ocorre a desumanização. O outro passa a ser visto apenas como objeto a ser desfrutado segundo interesses pessoais ou de grupos.
Portanto, qual é a razão de nossa fé? Por que acreditamos em Deus? Muitas pessoas ainda não creem, porque estão confusas diante das propostas oferecidas pelo mundo secular. Pois, para crer, é preciso que antes se faça uma profunda experiência de quem é Deus em nossa vida. Mas, meditando a Palavra se pode encontrar a razão do por que cremos.
No tempo dos apóstolos, após a ressurreição de Cristo e com a pregação de Pedro, muitos se perguntavam: “E nós, o que devemos fazer?" Pedro Respondia: "convertei-vos e creiam no Evangelho”. Acreditamos, porque Cristo nos revelou o amor do Pai a todos nós. Os nossos antepassados experimentaram Deus, na pessoa de Jesus, de maneira muito próxima. Por meio da palavra e do testemunho de vida de Jesus. Somente aqueles que estavam fechados às antigas leis e tradições não conseguiram enxergar nele o enviado do Pai. Talvez, o medo de perder privilégios levou-os a apegarem-se às coisas antigas e fecharem-se para os novos tempos e a novas realidades, porque Deus é dinâmico, Ele sempre se apresenta de maneira nova e fascinante. Somente quem é livre interiormente reconhece Deus com mais facilidade e sem preconceito. Que o Evangelho de Jesus seja sua inspiração para viver bem sua vida, levando amor, alegria, paz e esperança por onde passar.

Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC

sábado, 20 de abril de 2013

Em busca da felicidade

Publicado na Revista Rainha dos Apóstolos, ano 90, maio de 2013.

Todos temos um desejo na vida. Muitos desejam enriquecer, ter um bom emprego, ter sucesso, outros querem ter um corpo ideal e para isso procuram malhar e malhar, até a exaustão para atingir o seu intento. Tudo isso com o intuito de ser feliz e de poder ficar bem consigo mesmo. Aliás, ser feliz é o desejo de todos, mas nem todos conseguem descobrir onde realmente está ou pode encontrar a felicidade. Antes de tudo a felicidade é um trabalho interior.
Esta busca frenética pela felicidade, sem levar em conta certos princípios, está deixando a sociedade cada vez mais vazia, tanto que, no Brasil, o índice de suicídios cresceu de 1980 a 2000 (1.900%), segundo a “Folha de São Paulo”. E perguntamos, por quê?
Para mim, não são as coisas físicas ou materiais que enobrecem o ser humano, mas as coisas espirituais, até porque tudo neste mundo passa. Aquilo que é material tem validade, inclusive nossa vida. Ninguém conseguirá manter-se jovem e com os mesmos padrões de beleza até o seu último dia de vida. O nosso corpo está em contínuo movimento, mas aquilo que externamente não parece ser mais tão belo, internamente, quando se cultivam bons princípios, inclusive espirituais, jamais envelhece e adquire uma outra beleza, a sabedoria e a harmonia interior, pois a beleza se constrói a partir de dentro. Assim afirma o salmista: “Só em Deus a minha alma encontra repouso” (Sl 62,2-3).
Quem encontrou o sentido para vida, a partir de Deus, torna-se como uma árvore à beira do riacho, está sempre viçosa, porque está diante da fonte da vida. Talvez o que entedia tanta gente, apesar de procurar realizar seus sonhos a qualquer preço, é o fato de usufruir apenas das coisas da terra, sem regar com as coisas do céu.
Portanto, criar um estilo de vida “light”, sem compromisso, é caminhar em direção a um abismo. A sociedade moderna vive sob os pilares da plena liberdade. A pessoa é livre para fazer quase tudo e não tem medo de reivindicar seus direitos, por isso vemos tantas marchas de pessoas que querem impor o seu estilo de vida e modo de ser, e se alguém disser o contrário sofre duras críticas, porque cada um deve viver, ao extremo, a sua liberdade, mesmo que fira a do outro. Diante desse comportamento, encontramos pessoas cada vez mais infelizes e se distanciando da verdadeira missão pela qual estamos aqui nesse mundo, para sermos felizes, mas em sintonia com aquele que nos criou. Fora isso, teremos apenas discursos e pessoas mendigando por felicidade em coisas transitórias. Tudo isso gera uma espiral de insatisfação e, a cada dia, buscam por novidades que preencham seu ser, porque sem elas seria insuportável viver, ao passo que aquele que descobriu a verdadeira beleza que brota do coração, do amor de Deus, atravessa tormentas e desafios, em paz e com um largo sorriso no rosto, porque nele é expresso o amor de Deus.

Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC

terça-feira, 2 de abril de 2013

IGREJA ESPÍRITO SANTO DOS NAPOLITANOS




Vicente Pallotti recebeu a missão de reitor da Igreja do “Espírito Santo dos Napolitanos” em Dezembro de 1835 e exerceu esse ofício até 1846. Neste lugar Pallotti viveu momentos de alegria, mas também de sofrimento.

 

 
A origem da Igreja remonta à primeira metade do século XIV. Temos notícias que em 1320 existia na Via Giulia a Igreja de “Sant'Aurea” e o mosteiro das Irmãs dominicanas.
 
 
Reduzida em más condições e fechado o convento, a Igreja foi comprada em 1572 pela Companhia dos Napolitanos que estabeleceu a sede da “Irmandade do Espírito Santo” e decidiu construir uma nova Igreja no lugar daquela antiga. Em 1799, durante a invasão de Roma pelos franceses, a Irmandade se dissolveu e a Igreja passou sob o domínio do Reino de Nápoles. Com o passar do tempo se manifestou a degradação da Igreja de modo que parecia inevitável a necessidade de fechá-la. No tempo de Pallotti, o templo era muito pobre, negligenciado, as celebrações sem vida e o número de fiéis era muito reduzido. As autoridades eclesiásticas propuseram entregar a Igreja aos cuidados de Pallotti. Não foi uma Igreja paroquial e, portanto, não tinha vínculos. Mesmo sem ser devidamente cuidada e em estado de abandono, o Pe. Pallotti aceitou a nomeação com grande entusiasmo. O rei Fernando II deu o consentimento e Vicente Pallotti recebeu o cargo de reitor da Igreja em Dezembro de 1835. Temos um Documento de 20 de Janeiro de 1836 no qual Pallotti, como reitor da Igreja, assinou um recibo por uma esmola (OOCC V, p. 771-772). 
 
 
Naquele tempo a Igreja estava sob o patrocínio do rei das Duas Sicílias (união dos Reinos da Sicília e de Nápoles de 1816-1860). A casa do reitor era ocupada por quatro padres e um diácono de Nápoles. Pallotti mandou limpar a Igreja, comprou novos paramentos e toalhas para o altar, mas, sobretudo renovou as celebrações litúrgicas. Iniciou a ação pastoral organizando homelias para os sábados e dias festivos, vários tríduos, novenas, os meses de maio e de agosto. Ele também começou a atender confissões e com o tempo a Igreja estava repleta de fiéis. Em Setembro de 1837, depois da morte de seu pai, mudou-se da casa da família (via del Pellegrino, no. 130) para a Reitoria, mas não ocupou o quarto de reitor, preferindo um quarto contíguo à Igreja onde tinha, ou talvez fez abrir ele mesmo, uma janela para ter a possibilidade de contemplar o tabernáculo e adorar Cristo no SS. Sacramento.



Deste lugar, Pallotti dirigiu e desenvolveu suas mais importantes iniciativas apostólicas: a celebração do primeiro Solene Oitavario da Epifania (1836); a instituição da sede da primeira comunidade do Apostolado Católico e do Colégio das Missões Exteriores (1837); a ajuda aos fiéis durante a epidemia da cólera (1837); a inauguração da Casa de Caridade de Borgo S. Agata (Junho de 1838); o Mês de Maio para o clero e a conferência semanal do clero (1839); o Oitavário pela segunda vez nesta Igreja (Janeiro de 1840); assistência ao hospital militar (1843); os exercícios espirituais aos militares (1844); a missão de Londres (1844).


Muitos esclesiásticos napolitanos não aceitaram um sacerdote romano como reitor da sua Igreja. Eles criaram grandes contrariedades e dificuldades para Pallotti que teve que deixar a casa ao lado da Igreja do “Espírito Santo” e no dia 01 de Janeiro de 1846 transferiu-se com a sua comunidade para a Igreja de “SS. Salvatore in Onda”.
 

Em 1852, depois da morte de Pallotti, iniciaram-se os trabalhos de restauração da Igreja. Em 1860, Pietro Gagliardi realizou na fachada da Igreja o afresco representando os "Anjos adorando a pomba mística", enquanto entre 1852 e 1868 fez o afresco da "descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos". Em 1863, a Igreja foi reaberta ao culto até o século sucessivo, mas foi novamente fechada por quase 30 anos. 
 
O atual aspecto da Igreja deve-se ao trabalho árduo de Mons. Natalino Zagotto que orientou os trabalhos de consolidação e restauração, abrindo às celebrações para o Natal de 1986. No dia 17 de Outubro de 2004, foi concedido ao Conselho Geral da Sociedade do Apostolado Católico de colocar um busto de S. Vicente Pallotti na Igreja com uma placa de mármore recordando a presença e as principais iniciativas apostólicas de Pallotti: Nesta Igreja do “Espírito Santo dos Napolitanos” / reitor de 1835 à 1846 / São Vicente Pallotti / sacerdote romano / fundou a União do Apostolado Católico / e o Colégio das Missões Estrangeiras / celebrou o primeiro Oitavário da Epifania / o Mês Mariano para os clérigos e Leigos / animou a Conferência Espiritual do Clero / o povo romano / durante a epidemia do cólera de 1837 / nele reconheceu / o sacerdote santo e apóstolo da caridade.
 
 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta-feira Santa




As duas bacias

A Semana Santa é a maior de todas as semanas porque nela encerra a ação de Deus em favor do seu povo. Deus é fiel às suas promessas e as concretiza com a morte de seu Filho na cruz. Ele assumiu sobre si as nossas dores. Levou o projeto do Pai até as últimas consequências, porque ele é a misericórdia por essência.

A mensagem da cruz é uma mensagem de esperança. Mesmo com a presença do pecado no mundo, Deus aposta no ser humano, porque sabe que ele é fruto do seu amor e que a vida só tem sentido quando fundada nele. Muita gente busca pela verdade, mas, diante de tantas vozes com tantas propostas, as pessoas ficam confusas. Somente quem silencia o seu coração saberá fazer o justo julgamento e descobrirá a verdade. Cristo não oferece nada de extraordinário que não seja o seu amor e a recompensa da salvação, mas é preciso acreditar.
São João afirma que a luz iluminou as trevas. Quem se deixou tocar uma vez pela luz de Cristo será capaz de tomar decisões justas e coerentes, porque vive na verdade e a verdade conduz à libertação. Ora, se Jesus é o caminho, a verdade e a vida, porque então os seus contemporâneos o condenaram à morte?
Este é um caminho longo e difícil, pois a verdade não pode ser concebida a partir da ótica humana. O ser humano se deixa condicionar por muitas coisas e por isso tem grande chance de equivocar-se. Deus olha o coração e não as conveniências. Ele conhece as motivações de cada um, e perdoa porque sabe que o mal ofusca a mente e inibe as decisões.
 
A cruz antes de ser o símbolo de morte é a verdadeira escola do amor. Lá não há vingança ou rancor, apenas amor e perdão. A expressão “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”, abriu a mente de um pagão que não estava contaminado com as ideologias do Templo. Ele apenas cumpria uma ordem e sentiu que só quem ama poderia morrer naquele estado e ainda não permitir o castigo aos seus opositores. Só poderia ser Deus: “Realmente, ele era o Filho de Deus”.
Quem experimenta Deus de verdade, não fica inerte diante dele, toma uma decisão. Assim podemos compreender as duas atitudes ocorridas em uma mesma semana, em questão de horas. A primeira atitude é daquele que nos amou até o fim, com um gesto inédito lava os pés dos seus amigos, demonstrando-lhes o seu mais puro e íntimo afeto. Com este gesto ajudou-os a ver o mundo com novo olhar. A outra postura foi de Pilatos, que por um ato de fraqueza, de medo de perder prestígio e poder, lavou suas mãos, ouvindo os clamores de um grupo sedento de sangue e não de amor e de perdão. A mensagem deste gesto também nos interpela. Com qual bacia você mais se identifica?

terça-feira, 26 de março de 2013

Encontro dos Irmãos Palotinos na Polônia.



Fotografias tiradas no Encontro Internacional dos Irmãos Palotinos, Constancin - Polônia.