sábado, 29 de outubro de 2022

 

REZAR COM O CARISMA PALOTINO


Pai nosso,

Desde toda eternidade sois infinitamente feliz,

Desde toda a eternidade existis sem necessidade de ninguém.

E porque, então, o eterno e amoroso decreto

De criar o céu e aterra?

Pai nosso,

A fé nos recorda que sois infinita bondade,

E expansão infinita de amor.

Com infinita bondade e misericórdia,

E desde toda eternidade,

Decretastes a obra inefável da criação de todo o universo,

Para dar-vos totalmente a vossas criaturas,

Vós o eterno, o infinito, o imenso, o incompreensível.

 

Pai nosso,

A fé nos recorda que criastes o universo

E que antes de nos criar,

Criastes o céu e a terra:

No céu os anjos,

Para assistir-nos em nossas necessidades do corpo e da alma;

Na terra, todas as coisas visíveis,

Para o nosso serviço,

Para que, assim, pudéssemos chegar ao nosso feliz objetivo final.

 

Pai nosso,

Vistes desde toda eternidade,

Como poucos chegariam a conhecer vosso infinito amor,

Como pouquíssimos dele aproveitariam,

Como tantos se serviriam de vossos bens para ofender-vos.

Mas, o vosso amor é infinitamente misericordioso,

Pois, venceu o amor

Que vos move a dar-vos inteiramente

Àqueles poucos que vos querem receber.

 

CONHEÇA O CARISMA PALOTINO – PARTE V

 

O SACERDOTE VICENTE PALLOTTI: O MÉDICO DAS ALMAS

Fr. Jon Eslen Amorim da Silva, SAC

 

Se considerarmos o trabalho de um sacerdote na Santa Igreja, constatamos quão importante e edificante é sua ação para a salvação das almas. Assim como o médico cuida do corpo e da saúde física de cada paciente, assim o sacerdote como médico, cuida das almas e é reflexo do Sumo Sacerdote Jesus, o médico de todos os médicos. É como nos diz Santo Afonso de Maria Ligório: “

Se Jesus Cristo descesse a uma igreja, e se sentasse num confessionário para administrar o sacramento da Penitência, ao mesmo tempo que um padre sentado no outro, o divino Redentor diria: Ego te absolvo (Eu te absolvo) o padre diria o mesmo: Ego te absolvo (Eu te absolvo); e os penitentes ficariam igualmente absolvidos, tanto por um como pelo outro.”[1]

Desta forma, com o mesmo olhar de São Vicente Pallotti, entendemos a dignidade do serviço sacerdotal. Ele possuía uma clara compreensão do seu dever como sacerdote na Santa Igreja, portanto, desde antes já na preparação de sua ordenação sacerdotal, até depois, nas atividades e trabalhos apostólicos, esteve bem consciente do que devia fazer, pois, o Deus inefável e imenso o havia conferido tão grande grau de graça, que ele não podia permanecer inerte a todos estes acontecimentos do amor desse mesmo Deus. [2] Pallotti então, era sacerdote principalmente para cuidar das almas, pois ele também acrescenta: “pretendo celebrar a Santa Missa, administrar os sacramentos, pregar a Palavra de Deus e recitar a oração da Igreja”.[3]

Justamente por obter tão grande graça de Deus, Pallotti sempre queria fazer mais por todos e ainda lamentava por achar que não fez o suficiente. Tantos homens e mulheres necessitados das bênçãos de Deus através dos sacramentos, e ele nem sempre podia atender a todos como desejava. [4]

Um dos aspectos mais importantes no sacerdócio de Pallotti, que nos mostra seu ardor pela salvação das almas é o seu empenho na ministração do sacramento da penitência. De modo que mais se reconhecia grande pecador, mais ainda aumentava seu desejo de salvar às almas da morte eterna. Sempre fez o possível para salvar a alma de cada filho do pecado, até mesmo no leito de morte, como o exemplo daquele doente que teve suas palavras adocicadas até chegar a bendizer a Deus, como também no atendimento a qualquer custo, quando o seu confessionário foi colocado do lado de fora da Igreja dos Napolitanos, em Roma.

Celebrar os duzentos anos da ordenação sacerdotal de Pallotti, é uma grande graça para a família Palotina, pois, além de alimentar em nós o espírito de amor a Deus, à Igreja e aos sacramentos, nos recorda o grande ardor apostólico de São Vicente pelas ruas de Roma, em pleno século XIX. Também recorda a todos os sacerdotes quão grande dom de Deus cada um possui. “És sacerdote? Recorda-te de que és sacerdote para o povo (...). Recomendo-te sobretudo aquela porção do rebanho de Jesus Cristo que mais facilmente é descuidada: os pobres, os doentes, os moribundos e os pobres pecadores obstinados.”[5] Graça também é para nós seus filhos, que caminhamos cada vez mais à perfeição com Deus nos passos de nosso Pai Fundador. Que o misericordioso e eterno Deus nos ajude a ser fervorosos apóstolos de Seu Reino, pela salvação das almas.

"Sacerdote, não és de ti, és de Deus.
Não és por ti, és do nada.
Não és para ti, és para os homens, nas coisas relacionadas a Deus.
Não és para teu interesse, és esposo da Igreja.
Não pertences a ti,mas, como servo, és de todos.
Não és tu mesmo, és de Deus.
Que és então, ó Sacerdote?
Nada e tudo!"
(São Vicente Pallotti)

Rezemos pelos nossos sacerdotes!

Referências:

PALLOTTI, San Vincenzo. Opere Complete X e XIII. A cura di Don Francesco Moccia SAC. Roma: Curia Generalizia dela Società dell’Apostolato Católico, 1967 – 1997.

Província Nossa Senhora Conquistadora. Rezamos em Comunidade – Orações Palotinas. Gráfica e Editora Pallotti, 2007.

NAMPUDAKAM, Jacob. Lo spirito sel sacerdozio secondo San Vincenzo Pallotti. Società dell’Apostolato Catolico: Casa Generalizia, 2017.

 



[1]  LIGÓRIO, Santo Afonso de. Apostolado Veritatis Splendor: A DIGNIDADE DO SACERDOTE

[2] OOCC X, p. 148

[3] OOCC X, pp. 148-149.

[4] OOCC X, pp. 264-265.

[5] OO CC XIII, 479


 

                                         CONHEÇA O CARISMA PALOTINO - PARTE IV


UM SANTO DE ROMA

                                                            Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC

Vicente Luis Francisco Pallotti nasceu dia 21 de abril de 1795, na via del Pellegrino, número 130. Foi batizado no dia seguinte, após o seu nacimento. Vicente é filho de Pietro Paolo Pallotti e de Maria Madalena de Rossi. O casal teve 10 filhos.

Vicente teve pais exemplares que ensinaram a amar a Deus e que o conduziram a uma devoção mariana. Seu pai, Pietro, rezava todos os dias: meia hora antes de nascer o sol, após o almoço adorava o santíssimo sacramento em alguma das Igrejas de Roma, participava de celebrações eucarísticas e recitava o terço em família. A sua mãe, Maria Madalena, mulher simples, desde muito jovem, jejuava às sextas-feiras da quaresma. Enquanto Pietro ficava cuidando da mercearia, onde trabalhava, Maria educava os filhos e cuidava dos afazeres domésticos. Desde pequena, tinha devoção Mariana e procurava educar seus filhos de acordo com o exemplo da família de Nazaré.

Pallotti viveu em um período bastante conturbado politicamente, devido a ocupação napoleônica de Roma. Toda Itália era dominada por estrangeiros e Roma foi saqueada pelos franceses. A Igreja passava por um período de crise, onde algumas correntes infundiam um pensamento laico, em que colocavam o reino, revelado por Jesus Cristo, como nada mais do que uma ética natural. Falava-se de religião em um nível de piedade natural, afastando as pessoas dos sacramentos da Igreja. O movimento político instalado queria tirar o poder temporal do papa Pio VI, que estava no exílio. Com o falecimento do referido papa, elegeu-se o seu sucesso com o nome de Pio VII, para homenagear o seu antecessor.

Apesar de todas essas dificuldades na Igreja, desde muito jovem, Vicente demonstrava sinais de santidade. Aos três anos de idade, já rezava na frente de nossa Senhora, com nove anos de idade dormia piedosamente no chão e sua brincadeira preferida era construir altarzinhos de madeira. Em 1801, ele foi crismado e em 1810 recebeu a sua primeira comunhão, e com isso é concedido a ele a possibilidade de comungar todos os dias, devido ao seu bom comportamento. Aos 12 anos de idade, Vicente escolheu o padre Bernardino Fazzini, para ser seu confessor e confessava uma vez por semana.

Durante as suas férias, Vicente Pallotti ia para Frascati, na casa de sua tia, onde demonstrou mais sinais de santidade. Certa vez, ao levar comida aos camponeses, montado em um burrinho, sentiu-se mal por não ter ido a pé e pede para que um garoto o flagele. Outra vez, sua tia o vê chegando descalço, pois tinha dado os seus sapatos a um pobre. Ele também aproveitava os seus dias de descanso, em Frascati, para ensinar cantos e catequese aos filhos dos camponeses.

Nos estudos, era um menino muito esforçado, mas não conseguia aprender muita coisa, até que um dia sua mãe propõe-lhe que fizesse uma novena ao Espírito Santo. Após fazê-la, sentiu a sua mente aberta e, a partir de então, começou a tirar boas notas e ensinar os seus amiguinhos com mais dificuldades no aprendizado. Depois de estudar nas Escolas Pias, Pallotti passou a estudar no Colégio Romano, onde ganhava muitos prêmios, por causa do seu empenho e pelo bom comportamento.

No ano de 1809 a 1814, Vicente frequentou o oratório dedicado à Nossa Senhora. No oratório, os jovens participavam da catequese, missas e recitação do Ofício de Nossa Senhora. Os jovens eram chamados de filhos de Maria.

Vicente, aos dezesseis anos de idade, demonstrou o desejo de ser padre. Ele queria entrar para a Ordem dos Capuchinhos, mas o seu diretor espiritual o aconselhou a ingressar nos padres seculares (diocesanos de Roma), pelo fato de ter uma saúde frágil, e os capuchinhos tinham uma vida muito rigorosa. Mesmo Vicente tendo entrado para os padres seculares, ele continuou gostando da ordem dos capuchinhos. Por isso, teve autorização de usar o hábito franciscano para dormir.

No dia 15 de abril de 1811, com dezesseis anos, Pallotti recebeu a tonsura, com isso se sentia mais preparado espiritualmente para exercer o trabalho que recebeu nas ordens menores – ostiariato, leitorado, exorcista e acolitato.

A santidade faz parte da vida de todo o cristão, por isso somos chamados a viver o nosso batismo de maneira exemplar e Pallotti é, para todos nós, modelo de virtude e de seguimento de Cristo.

 

 


segunda-feira, 24 de outubro de 2022


                                 FORMAÇÃO SOBRE OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

                                                                     Com o Fr. Renato



 


 


 


 


 

 




 


CONHEÇA O CARISMA PALOTINO - PARTE III


VICENTE PALLOTTI E A CONTORVERSA OBRA DE LYON

Fr. André Félix Neto, SAC

 

A obra iniciada por Pallotti, a União do Apostolado Católico – UAC, antes de ser aprovada pelo Papa, passou por provações muito fortes, criando, assim, um certo desconforto aos seus primeiros membros e ao fundador, todavia, sem jamais deixar de acreditar na providência divina de que a sua obra iria prosperar. O que Pallotti não contava era que as negativas, para a obra do apostolado, viriam não de inimigos, mas de pessoas da própria Igreja, principalmente de Lyon, cidade do interior da França.

Para bem entendermos tal provação, partiremos no presente texto, de uma breve introdução a respeito da obra de Lyon, bem como apresentaremos a biografia de uma jovem que foi contemporânea do nosso fundador: Paulina Jaricot. Paulina era de família nobre de Lyon e também extremamente religiosa. Teve uma educação baseada nos ensinamentos evangélicos. Desde sua infância, juntamente com seu irmão, que anos mais tarde se tornaria sacerdote, desejavam ser missionários e partir para terras distantes, afim de levar o Evangelho de Jesus Cristo. Foi deste impulso que nasceu uma das maiores iniciativas em prol das missões da nossa Igreja católica.

Paulina não partiu para as terras distantes, como havia almejado, mas, dedicou-se de outra forma, angariando fundos para ajudar o mundo missionário. Ainda muito jovem, aos vinte anos de idade, teve uma inspiração de arrecadar fundos através de um método de cadeia de doadores comprometidos com doações em dinheiro, para o financiamento missionário. Assim deu-se início a obra de Lyon, esta que, por vezes, tiraria a paz de Vicente Pallotti. Em pouco tempo, a obra de Paulina Jaricot ganhou tamanha expressão que se estendeu a vários países da Europa. Conquistou um grande prestígio e um poder considerável na Igreja. Paulina não permaneceu por muito tempo na presidência desta obra, pois, considerava-se pequena diante de tamanha responsabilidade. Assim, logo fora formado outra equipe dirigente denominada os “Messieurs” de Lyon, ou seja, “Senhores”.

Com prestígio e poder, tal conselho pôde tomar algumas providências acerca de decisões para angariar fundos. Quando Vicente Pallotti iniciou a União do Apostolado Católico, não existia nem em Roma e nem nos Estado Pontifícios uma filial da obra de Lyon. Os “messieurs” de Lyon já tinham ouvido falar de um certo Vicente Pallotti e de uma certa Pia União que recolhia auxílios para as missões. Logo o conselho de Lyon tratou de intervir nessa intenção de Pallotti, pois lhes soava ameaçador. Assim, os “messieurs” de Lyon dirigiram-se ao papa Gregório XVI, para pedir a fundação de uma filial romana. Com uma resposta positiva, o cardeal Giacomo Fransoni ocupou-se de escolher o conselho romano para tal finalidade. Ele pediu ao padre Vicente Pallotti que se encarregasse dos nomes dos componentes, para este conselho, que logo elegeu os próprios membros da União do Apostolado Católico. Obviamente que o presidente da obra de Lyon não ficou muito satisfeito com a solução. Alguns dias mais tarde, o próprio cardeal nomeou como membro do conselho da obra de Lyon o próprio Pallotti.

Para maior desagrado da presidência de Lyon, a fundação da filial romana foi fundada autônoma da matriz francesa. Padre Vicente, como sempre fazia, dedicou-se de corpo e alma ao desejo do papa. Assim, começaram os desencontros com a obra de Lyon. Todavia, Roma estava mais preocupada com a epidemia de cólera do que com as intervenções do conselho de Lyon contra Pallotti e a União do Apostolado católico.

A Propagação da fé ficou em uma encruzilhada, porque, por um lado não aprovava o modo de agir dos dirigentes de Lyon, por outro não queria entrar em conflito com eles; visto que a pressão sobre a União do Apostolado Católico já não tinha sido a primeira, mas outras fundações de filial já haviam sofrido a pressão francesa. “Em janeiro de 1839, o conselho de Lyon comunicou à Propagação da fé que a obra de Lyon e a de Paris tinham incorporado a filial de Roma e reafirmava sua autoridade sobre a instituição romana! Os franceses agiam com audácia e arrogância à maneira napoleônica (TODISCO, 2007, p. 426).

Com esta problemática acerca do relacionamento de Vicente Pallotti com a obra que lhe tinha sido confiada, ele não poderia ter tomado outra atitude senão a de um verdadeiro santo. O padre Vicente que sempre se preocupou mais em agir do que em defender-se, viu-se obrigado a redigir alguns textos a fim de esclarecer a natureza da União do Apostolado Católico. Em 1837, ele escreveu uma série de esclarecimentos sobre a atividade da União, seus objetivos e a questão financeira, bem como evidenciar as obras promovidas nos países católicos em favor das missões estrangeiras, principalmente a formação de missionários. Com tais textos, ele tornava clara a intenção de distingui-la da Propagação da Fé de Lyon. Enquanto isso, pela cultura católica, Vicente Pallotti continuava à frente da obra de Lyon, ocupando-se com muito afinco, proporcionando toda ajuda possível, segundo as suas possibilidades.

Mesmo assim, em 1838, por pressão da obra de Lyon, a União foi suprimida. Mais uma vez, Pallotti precisou embarcar numa incansável defesa de sua obra, recorrendo ao próprio papa Gregório XVI, sob a proteção do cardeal Odescalchi. Após mais alguns desgastes da parte do fundador, a obra da União do Apostolado Católico, finalmente foi definitivamente aprovada.

TODISCO, Francesco. SÃO VICENTE PALLOTTI. Santa Maria: Biblos Editora, 2006.