Certa vez,
Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quantas vezes devemos perdoar”? Pedro respondeu:
“Até sete vezes sete”, mas Jesus o corrige e acrescenta: até “setenta vezes
sete”. Para Cristo, o perdão não em limites. Diante do fraco, do pecador, o
cristão deve mostrar sempre a força do amor. O Mestre, em todo seu percurso no
meio da humanidade, tomou sempre a atitude de quem serve, acolhe e perdoa. Não
quis nascer em palácio, mas entre os pobres; não quis conviver com os sábios,
mas preferiu os deserdados e iletrados e, finalmente, desceu até o mundo dos
mortos para resgatá-los.
Para a
maioria das pessoas, quando se fala de perdão logo vem à mente a atitude de Jesus,
que, na cruz, perdoou os seus algozes. Essa questão é crucial para o ser
humano, saber perdoar. Humanamente falando, é impossível, mas com Deus tudo é
possível.
Se o
cristão tirar o seu olhar da cruz de Cristo, ele pode tornar-se um monstro,
capaz de cometer qualquer atrocidade somente para manter o seu próprio status,
mas o evangelho ensina sempre o contrário. Não é pelo poder e pela força que
uma pessoa se torna forte, mas pela sua capacidade de amar e de perdoar.
Em Ruanda,
África, em 1994, aconteceu um genocídio. Foi uma guerra étnica terrível, que
deixou marcas profundas de ódio na população. Muitas pessoas perderam todos os
membros da sua família, às vezes assassinados pelos próprios vizinhos e até
mesmo parentes, pois muitos eram casados com etnias diferentes. Como perdoar
aquele parente que foi a causa de tanta dor e de tanto sofrimento?
Agora que o
país, vagarosamente, começa a se reerguer, o que está ajudando as pessoas a
curarem suas feridas espirituais e psicológicas é a fé em Jesus misericordioso.
Por isso, a devoção à Divina Misericórdia, naquele país, cresce dia após dia.
Para que o perdão pudesse curar todas as feridas do passado, os palotinos
fundaram um santuário da Divina misericórdia em Kabuga, periferia de Kigali,
Ruanda. Diariamente, centenas de peregrinos dirigem-se para lá para buscar em
Jesus Misericordioso a força e coragem para lutarem contra a dor e a perda de
seus entes queridos e, ao mesmo tempo, curar o ódio que invade seus corações.
Nesse momento, somente Deus pode lhes dar refúgio e proteção.
Existem
muitos testemunhos de pessoas que, olhando para o Cristo, aprenderam a perdoar
o seu inimigo. Não é com a vingança que se construirá a paz. Cabe também a cada
um analisar a sua caminhada de vida e se perguntar: o que ainda não está devidamente
curado dentro de você? O que precisa ser tirado do seu coração para que seja
portador da verdadeira paz? Se ainda algo o incomoda e o impede de ser
plenamente feliz, chegou o momento de olhar para Cristo e dizer: “Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Pe. Valdeci
Antonio de Almeida, SAC
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