(Reflexão referente a Homilia de Paulo VI em sua visita a Frascati para
venerar o corpo de São Vicente Pallotti, exposto na Catedral)
“Em cada época, Deus suscita
homens e mulheres com carismas do Espírito Santo, para a continuação da missão
salvífica de Cristo, para o bem dos seres humanos e edificação da Igreja”.
Catedral de Frascati
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Observamos, na atualidade, diversos termos que fazem
referência direta à São Vicente Pallotti, tais como: Apóstolo de Roma,
Precursor da Ação Católica, Profeta da Esperança, Apóstolo dos leigos, Místico...
Expressões que reconhecem a grandiosidade de nosso fundador na vida eclesial e na
sua profunda experiência de pertença à Santa Igreja.
A
mente de São Vicente Pallotti encontra-se voltada à necessidade de despertar a
consciência apostólica de todos os fieis, para que cada um faça pelo Evangelho
tudo aquilo do qual é capaz. E isto é
evidente porque todos os inumeráveis apelos escritos por ele estejam
relacionados aos leigos.“O Apostolado
Católico, além da finalidade de concorrer com a contribuição a propagação da fé
entre os infiéis, se propõe a despertar e mantê-la nos cristãos e, bem oferta,
faz servir a sua finalidade o exercício de cada profissão, trabalho, arte,
oração, todas as obras de caridade e do ministério apostólico”.
Sabemos da admiração e do respeito que Gregório XVI e
Pio IX mantinham para com o nosso santo. Tantos outros Papas fizeram referência
direta ao nosso fundador durante pregações, sermões e homilias. Sua canonização
realizada no decorrer do grande Concílio Vaticano II, pelo Papa João XXIII,
revela a sua importância na transformação do pensamento eclesial no que diz
respeito, especialmente, à vocação e o apostolado laical.
No dia 1º de setembro de 1963, durante as férias de
verão, o Papa Paulo VI encontrava-se em Castel Gandolfo e dirigiu-se à vizinha
cidade de Frascati, para venerar o corpo de São Vicente Pallotti, exposto na
Catedral para veneração dos fieis. Durante a
Papa Paulo VI
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Paulo VI tinha a firme convicção e certeza de que São
Vicente Pallotti foi um precursor que
antecipou de quase um século o apostolado leigo na Igreja, a descoberta que,
também os leigos são chamados a assumirem a missão de apóstolos. Paulo VI
afirma que São Vicente Pallotti “fez
brotar energias novas e deu ao laicato consciência de suas possibilidades na
prática do bem. Não só aceitação passiva e tranquila da fé, mas a profissão
ativa e militante desta mesma fé.”
O termo Precursor nos recorda São João Batista, o
precursor do Messias, aquele que preparou os caminhos do Senhor, o grande
Profeta que indicava a quem, realmente, era preciso seguir. Na espiritualidade Palotina,
este termo encontra-se inserido em um contesto de grande transformação que
envolveria toda a vida eclesial, não somente em um determinado período
histórico, mas que a partir do Concílio Vaticano II, estará sempre presente nas
reflexões da Igreja, por se tratar de uma realidade que envolve todos os
cristãos.
Percebemos, na atualidade, que esta grande novidade
proposta por São Vicente Pallotti e assumida pela Igreja, encontra-se ainda para
muitos leigos obscura e tantas vezes não compreendida, necessitando ser, ainda
hoje, encorajadas, desenvolvidas e atualizadas.
São Vicente Pallotti percebeu o vazio, o vácuo moral e
espiritual do seu tempo, marcado por revoluções sociais e pela falta de
respeito a dignidade do ser humano. Segundo Pallotti é preciso recompor uma
sociedade cristã no qual todos se sintam convidados e responsáveis pela
construção de um mundo mais digno e solidário. Somos responsáveis, responsáveis pelo nosso tempo, responsáveis pela
vida dos nossos irmãos e irmãs; somos responsáveis da nossa consciência cristã,
somos responsáveis diante de Cristo, diante da Igreja, diante da história,
diante de Deus. Para São Vicente Pallotti, todo cristão deve “procurar não somente a própria salvação,
mas a salvação eterna do outro”. Sendo ser humano, imagem e semelhança de
Deus, que é caridade por essência, encontra-se obrigado a isso por razão da
própria criação.
Nosso Santo viu que o leigo pode tornar-se elemento
ativo na vida da Igreja e dizer conscientemente: “também eu devo fazer alguma coisa. Não posso ser somente um
instrumento passivo e insensível”.
Memorial da Visita de Paulo VI
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Afirma Paulo VI:
Pallotti vê – e eis a descoberta – vê que é possível, vê que há alguma coisa
escondida que pode emergir desta psicologia do homem caído, do homem fraco, do
homem habituado à própria fraqueza. Vê que o homem é redimível, vê que o homem
pode ser recomposto em estatura e em forma nova. Vê que, educado, pode fazer
surgir o santo, o herói, o grande, o homem verdadeiro, o homem culto, o homem
bom, o homem da sociedade, como estamos idealizados, da sociedade nova, da
sociedade moderna”.
Somos encorajados a não desanimarmos em nossa
caminhada de fé e a assumirmos nossa missão com responsabilidade e amor. Hoje, mais do que nunca, somos convocados
pelo próprio Deus a manifestar ao mundo nosso compromisso cristão, não somente
com belas palavras, mas, sobretudo e especialmente, com ações concretas,
recordando constantemente a eficácia dos gestos em um mundo conturbado, que não
tem tanto tempo para escutar. Todos os que se empenham na ação apostólica são
convocados a transmitir o amor de Deus e realizar obras concretas para
demonstrar a Sua presença neste mundo, e ainda trabalhar com incansável zelo
pela realização do Seu Reino, com constante entusiasmo e prontidão.
Oração: São Vicente Pallotti, vós buscastes, em tudo e sempre, a glória de
Deus, ensinai-nos a seguir vosso exemplo luminoso, para que glorifiquemos a Deus
pela santidade de nossa vida e de nossas obras. Acendei em nós o desejo de
colaborar ativamente na difusão da fé e da caridade, para que o Reino de Cristo
se estenda por toda a terra. Amém.
De Roma, Pe. Elmar Neri Rubira, SAC.
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