terça-feira, 18 de outubro de 2011

SÃO VICENTE PALLOTTI E SUA AÇÃO FORMATIVA

As diversas atividades desenvolvidas por São Vicente Pallotti, no campo formativo, ajudam a compreender sua preocupação em auxiliar as pessoas a descobrirem o verdadeiro sentido da vida humana. Ele esteve envolvido, diretamente, na formação e educação dos jovens, desde o início de seu ministério sacerdotal, principalmente no ambiente acadêmico, como professor na Universidade Sapienza. Durante quase dez anos, como acadêmico, dirigia as discussões teológicas e, por causa disto, adquiriu uma larga experiência de trabalho, que o ajudou a construir as bases seguras de um apostolado promissor no campo da educação, formação e instrução do laicato.

Um dos grandes recursos utilizados por São Vicente Pallotti, para instruir especialmente os leigos, foi os momentos em que se dedicava ao sacramento da reconciliação, e sabemos que esse ministério ocupou grande parte de sua vida sacerdotal. Ele mesmo exprime um grande desejo de instruir, iluminar, regular, santificar, aperfeiçoar, converter, e também de viver ocupado na direção das almas, para que buscassem a sua mais alta perfeição. Em seu confessionário, Pallotti formou a maior parte de seus colaboradores, eclesiásticos e leigos.

Considerar alguém como formador requer muita atenção, pois é necessário constatar, primeiramente, certas qualidades específicas e a capacidade de ser instrumento de mediação entre Deus e o próximo.

Dos muitos testemunhos que ressaltam as qualidades de Pallotti, temos a de Francesca Teofila de Maistre, de nobre família, e tinha a seguinte opinião a seu respeito: “encontrei nele algo especial, que não encontrei em nenhum dos outros Servos de Deus (...): uma expressão de bondade celeste, uma capacidade de pacificar e compreender os sentimentos da alma, utilizando poucas palavras, mas justas e eficazes”. Sua bondade, capacidade de pacificar a alma, escutar com atenção, acolher e dirigir palavras sábias são algumas qualidades que percebemos nas poucas linhas referentes a este encontro pessoal com São Vicente Pallotti.

Outro testemunho significativo que destaca algumas das muitas qualidades de Pallotti, encontramos no texto do arcebispo de Baltimore, D. Spalding:

“Era bem conhecido por todos em Roma, pela sua extraordinária santidade. Seu altruísmo total se unia ao seu espírito de penitência. Seu amor para com todos não vacilava nem diminuía nunca. Nenhuma dificuldade, nenhuma cruz era capaz de abalar sua paciência. A principal característica de sua personalidade era seu amor total a Deus e a Cristo. Este amor foi a força que o moveu em todos os seus empreendimentos; foi sua verdadeira vida e alma de todas as suas ações, a chave de sua serenidade, a fonte de sua coragem e da paz interior que se irradiava espontaneamente de seu comportamento”.


Reconhecimentos de seus talentos especiais podem ser recolhidos em tantos testemunhos proferidos por pessoas que conviveram ou que tiveram oportunidade de encontrá-lo.

Para assumir a missão de formador, é preciso ter claramente definido a finalidade a ser alcançada, os meios a serem utilizados e os objetivos metodológicos precisos.

São previstos, na ação formativa, três intervenções específicas que indicam a ação pedagógica: educar, formar e acompanhar.

Hoje, quando falamos em formação, pensamos em todas as dimensões que compõem a estrutura do ser humano: afetiva, intelectual, espiritual, apostólica, comunitária e carismática. Não se pode pretender formar alguém sem levar em consideração todas essas dimensões da vida humana.

Na atualidade, aprendemos que somente é possível uma verdadeira formação, quando existe uma inter-relação entre quem se propõe a formar e quem se dispõe a ser formado. Sabemos que, no campo religioso, o formador ocupa uma função mediática, pois o protagonista da formação é sempre o Espírito Santo, contudo, o formador oferece uma mediação entre o Senhor que chama e a pessoa que deseja corresponder a este chamado. O processo de maturação humana exige tempo e dedicação, pressupõe abertura a deixar-se formar durante toda vida.

Não podemos falar de instrução e formação sem antes conhecer ou ter em mente como agia e vivia nosso fundador. Não podemos, tão pouco, indicá-lo como formador sem antes constatar sua pedagogia e seu método de ensino. Apresentar alguém como formador é algo exigente, pois não podemos inventar qualidades, mas percebê-las a partir de um contato próximo, mediante estudos, observação atenciosa e amor por aquele que propomos como exemplo de formador.

Pe. Elmar Neri Rubira, SAC.
Mestrando em Antropologia Teológica pela Faculdade Teresianum de Roma.

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