domingo, 6 de novembro de 2022

 

CONHEÇA O CARISMA PALOTINO – PARTE VI

 

A BEATA ELISABETA SANNA E SÃO VICENTE PALLOTTI

Pe. Valdeci Antonio de Almeida, SAC


 No dia 27 de janeiro de 2014, Elisabetta Sanna, 160 anos após sua morte, foi reconhecida pela Igreja como Beata, mas, quem de fato foi esta mulher de grande santidade? Como Deus a conduziu até São Vicente Pallotti, que tanto lhe ajudou na busca pela santificação pessoal e a configuração com o Cristo?

Elisabetta Sanna nasceu em Codrongianos (Sassari), uma das regiões da Sardenha (ilha Italiana), no dia 23 de abril de 1788. Três meses depois, ela perdeu a capacidade de levantar os braços, por causa de uma doença. Casou-se e foi mãe de cinco filhos. Em 1825, ela ficou viúva e fez o voto de castidade, tornando-se a mãe espiritual das meninas e das mulheres de sua terra.

Em 1831, ela embarcou para uma peregrinação à Terra Santa, a qual foi conduzida por seu diretor espiritual, que a estimava tanto. Nesta viagem, ela acabou chegando em Roma, e não pode retornar, devido à graves distúrbios físicos e muito menos prosseguir rumo a terra Santa. Diante disso, quis a providência divina que o sacerdote Vicente Pallotti tivesse contato com ela.

Padre Giuseppe Valle, seu espiritual, com quem Elisabetta havia confiado para viajar com ela à terra Santa, o qual a dirigia espiritualmente na Sardenha tinha começado a ser acompanhado espiritualmente por Vicente Pallotti, padre Giuseppe havia comentado com Elisabetta da santidade de Vicente, desde então Elisabetta queria conhecê-lo devido a sua fama de santidade, porém, o próprio Giuseppe apontou as dificuldades que ela encontraria para se comunicar com Pallotti por conta do dialeto codrongiano. Mas, quis a providência divina que a beta fosse conduzida até Pallotti, no dia 11 de junho de 1832, quando ela participava de uma procissão, que saia da Basílica de São Pedro, e terminava na Igreja da Rotonda. Como Elisabetta não conhecia bem as ruas de Roma e ao finalizá-la, ela se viu perdida e sozinha na noite romana. Visto que ela só falava o dialeto sardo, ninguém conseguia comunicar-se com ela, então, chorando, começou a andar sem rumo. Em um determinado momento, ela parou em frente a uma das Igrejas romanas e viu um sacerdote com um chapéu debaixo do braço, ao receber o olhar do santo sentiu-se confiante e sem que se desse conta, ela já estava diante da basílica de São Pedro.

No dia seguinte ao ocorrido, padre Giuseppe, após conversar com Pallotti, confirmou a Elisabeta que o padre que ela tinha encontrado era de fato o santo romano. Sabedora disso, em seguida foi à missa na Igreja do Espírito Santo dos napolitanos e lá deparou-se com o padre Vicente como celebrante. Após a missa, ela foi falar com o sacristão a fim de se confessar com o referido padre. Ao receber a resposta negativa do sacristão, Pallotti interveio e atendeu o seu pedido, e mesmo ela falando em sardo, o santo a compreendeu não somente o que dizia, bem como entendeu o estado de espírito no qual ela se encontrava. A partir de então, Pallotti tornou-se seu diretor espiritual.

Pallotti via nela uma mulher apostólica, mesmo sendo ela leiga, analfabeta, doente, estrangeira e pobre. Ele via nela o apostolado do sofrimento, da oração, da caridade, da pobreza e, sobretudo, da imitação de Cristo. Desta forma, Pallotti a aconselhava a glorificar a Deus em seu próprio estado e condição, pois, era eficaz e agradável a Deus. Com grande alegria, ela dedicava a sua vida a estes campos de apostolado aos quais Pallotti a tinha indicado. Além disso, ela se inscreveu imediatamente na fundação da União do Apostolado Católico, fundada por seu diretor espiritual e da qual tornou-se uma fervorosa animadora.

De Pallotti, ela aprendeu a amar ainda mais profundamente a Jesus Eucarístico e a melhor participar da Santa missa. Assim como Pallotti, ela cresceu no amor a Jesus Eucarístico, passando horas a fio em profunda adoração, diante do sacrário das Igrejas. Ela seguia e ajudava em todas as obras de Pallotti, como a Pia Casa de Caridade, o Conservatório Carolino, a Igreja de San Salvatore in onda e à comunidade que ali morava. Ela demonstrava um profundo amor e dedicação à obra de Pallotti, que parecia como que se ela mesma fosse a fundadora. Elisabetta fazia todo o possível para ajudar a UAC desde costura a esmola, de suas orações aos seus sacrifícios, de coisas simples a magníficos paramentos que fazia. Ela doou inteiramente a sua vida a Cristo, por meio da União do Apostolado Católico.

Padre Rafael Mélia referia-se a ela como uma mãe muito solícita da recém fundada comunidade de Pallotti. Ela abria mão de seu próprio bem-estar, para ajudar aos que mais precisavam, preferindo viver na penúria. Ela foi como que mãe dos membros da União e zelava pela caridade e amor fraterno dentro da mesma. Quando ela dicou mais debilitada, sempre algum irmão de san Salvatore in onda ia visitá-la, para ver se precisava de algo, mas, sempre saia com uma boa quantidade de verduras e alimentos, pois, ela mesma já não podia sair para dar aos pobres.

Com a morte de Pallotti, surgiu certa discórdia entre seus filhos e ela teve medo que a congregação se dissolvesse, mas, com o seu grande zelo e amor, conseguia conciliar sempre os padres que estivesse em desacordo. Certa vez, ela pediu ao Padre Vaccari que se demitisse do governo geral da Sociedade, pois o mesmo não se encontrava mais em condições físicas para tal.

Por meio do padre Paolo Scapaticci, sabemos de uma declaração que São Vicente Pallotti teria feito na qual ele dizia que duas pessoas foram de fundamental importância para o desenvolvimento da União do Apostolado Católico, essas duas pessoas são Elisabetta Sanna e o Cardeal Lambruschini.

Portanto, podemos dizer que a bondade de Deus fez com que duas pessoas com fama de santidade se encontrassem e colaborassem mutuamente, para a santificação e edificação um do outro e da União do Apostolado Católico. Peçamos a intercessão deles aos membros da União, para que juntos também cumpramos a missão de evangelizar, levando o amor e a esperança a todos que estão sedentos para ouvir a Palavra de Deus.

“Deus em tudo e sempre”!


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