a) Mês de maio para os eclesiásticos
No início de 1939, São Vicente Pallotti começou a celebrar na Igreja do Espírito Santo dos napolitanos o Mês de maio com os sacerdotes romanos, diocesanos e religiosos. Francesco Moccia SAC afirma que os três “Mês de maio”, compostos por Pallotti, em 1833, tinha a intenção de divulgar a devoção mariana e de atingir mais profundamente o coração dos leitores. O Mês de maio para os eclesiásticos, impresso no curso dos anos, em cinco edições, atribui o título à Maria Imaculada Mãe de Deus, Rainha dos Apóstolos, no mês de maio, em honra aos seus consagrados; recorda aos eclesiásticos instituídos, em qualquer ordem, os avisos que lhes dá a Igreja, após sua ordenação, segundo o Pontifical Romano e seu angélico ministério, segundo os apelos das Sagradas Escrituras.
A fonte para as meditações é o Pontifical Romano com os trechos dos escritos dos Santos Padres para se ter presente nos diversos dias. O Mês de maio para os eclesiásticos se distingue pela densidade da doutrina. Os temas são tomados das advertências do Pontifical romano aos vários graus dos ordenados e dos ofícios dos coros angélicos. Maria Imaculada, Rainha dos Apóstolos, recorda aos eclesiásticos os avisos que a Igreja lhes dá, durante a cerimônia da ordenação e às funções do seu ministério. A Mãe de Deus instrui, guia, encoraja os mestres da Igreja de seu Filho. A parte mais ampla da meditação é a respeito do exame de consciência e a renovação da própria vida, não se trata tanto de ampliar os conhecimentos, mas de buscar maior transformação pessoal.
A finalidade do mês mariano para os sacerdotes era de aprofundar na doutrina eclesial e a renovação espiritual. Neste escrito, Maria, Rainha dos Apóstolos, dizia aos sacerdotes: “Quero deixar bem claro que, para converter os pecadores e iluminar os incrédulos, é mais eficaz a santidade da vida do clero do que todas as apologias escritas nos livros”. No último dia do mês se encontram as palavras de profundo significado espiritual para a vida do sacerdote. Maria, Rainha dos Apóstolos, lhes diz: “Abrasado de amor no amor infinito, vai acompanhado das bênçãos do Amor Infinito para exercitar o seu ministério e será um Serafim e espalhará por todos os lados dardos de amor nos corações, para levar-lhes o Amor Infinito: dardos de amor será o seu salmodiar, dardos de amor serão a sua celebração dos mistérios, a sua pregação e a sua administração dos sacramentos; instruído em Deus, aceso de amor em Deus, animado pelo espírito de Jesus Cristo, em plena desconfiança de si; vá corajosamente (...) quero que o seu zelo pelo crescimento do Rebanho de Jesus Cristo seja, sem medida, aceso pela divina caridade e dirigido pelo Amor Infinito”.
A adesão dos sacerdotes às celebrações do mês mariano, na Igreja do Espírito Santo dos Napolitanos, foi muito boa. A cada dia do mês se faziam meditações sob as pegadas de o “Mês de maio para os eclesiásticos”, de Pallotti, e terminava com um cântico atribuído a São Boaventura: “Louvamos a Ti, ó Mãe de Deus”. Segundo as informações históricas, o Mês de maio para os eclesiásticos foi celebrado na Igreja do Espírito Santo, de 1839 até 1845. Isto se confirma com a carta de Pallotti que, em 18 de maio de 1844, escrevia a Domenico Santucci: “Lembre-se de que temos o mês de maio para os eclesiásticos”. Pallotti se transferiu para a casa, junto a São Salvador em Onda, no início da quaresma de 1846.
b) As conferências semanais para os sacerdotes
Os sacerdotes que participavam das celebrações do Mês de maio expressaram o desejo de reunirem-se no mesmo local, periodicamente, ao longo do ano. Assim nasceu a ideia das conferências semanais para os sacerdotes que participaram na Igreja do Espírito Santo dos Napolitanos, começando em 1839. A alma e promotor principal destas conferências era o sacerdote Vicente Pallotti.
O primeiro encontro aconteceu no dia 6 de junho de 1839, primeira quinta-feira do mês. A partir de então, o clero romano começou a se reunir toda quinta-feira à tarde, na Igreja do Espírito Santo, na Via Giulia. Participaram sacerdotes diocesanos e regulares, monsenhores, teólogos, consultores dos dicastérios pontifícios e também alguns bispos. As conferências, graças a Vivente Pallotti, eram endereçadas à renovação da vida espiritual e a atualização pastoral dos sacerdotes. Ao empreender esta iniciativa, Pallotti se inspirou na ideia de São Vicente de Paulo que promovia reuniões periódicas de eclesiásticos destinados a renovar a vida espiritual e a preparação pastoral dos sacerdotes. Nestes encontros se abordava um caso de moral ou de liturgia. Analisava-se e apresentava soluções. Neste período, em toda a Europa, começaram surgir estas iniciativas. Pallotti, porém, enriqueceu o programa e focalizou sobre a renovação espiritual, como se pode ver pelo título do texto: “Conferências semanais do espírito, do estudo sacro, e do ministério evangélico para os eclesiásticos, instituídos sob a especial proteção da Imaculada Mãe de Deus, Rainha dos Apóstolos”.
Segundo Pallotti, as conferências de quinta-feira deveriam ser uma palestra de alento espiritual. Aos participantes, Pallotti sugeria boa disposição: “Frequentá-la com espírito da mais profunda humildade e firme persuasão da necessidade de escutar as reflexões dos outros com a consciência da própria indignidade em receber a graça de aprofundar em tais reflexões: e aqui, cada um pode considerar o quanto esteja longe de tirar proveito das conferências, uma vez que a frequentasse somente para mostrar os seus próprios conhecimentos, pensamentos, argumentações e saber”. Por isso, dos encontros “se excluem as reflexões críticas ou de simples erudição; todas as reflexões devem tender a promoção da vida devota e santa (...). São proibidas as perguntas muito longas, porque elas não favorecem o crescimento das ciências sagradas” (OOCC V, p. 582). De acordo com os escritos de Pallotti, as conferências deveriam ter a finalidade de conduzir as pessoas à maior imitação de Jesus Cristo e de promover o quanto possível, a maior glória de Deus e a perfeição evangélica de si mesmo e dos outros e de dispor-se assim à observância do ministério apostólico.
Pallotti explicava que o método desta conferência, para ser frutuoso, devia ser simples e que tocasse no coração e na mente. Eis os componentes do encontro: lições de canto gregoriano, leitura e partilha de um texto do Evangelho do domingo seguinte, leitura do Catecismo Tridentino ou Romano, com o comentário de um ou mais padres escolhidos, debate desenvolvido “na paz e na caridade” em torno de um caso referente à moral, escolhido na conferência anterior, e a oração final para pedir a Deus operários para sua messe. Quanto à partilha do Evangelho, Pallotti insistia que, após a leitura do texto, em Latim, se lesse também, para uma maior compreensão, “a tradução vulgar com as notas”. Cada participante era convidado a dizer não somente o que o havia tocado, mas também o que gostaria de fazer para seguir Jesus Cristo, de acordo com o que foi lido. Esta partilha tinha também a finalidade de enriquecer a pregação dominical. No final da partilha, se distribuía um pequeno bilhete no qual estava escrito um versículo da Sagrada Escritura. Cada um lia em voz alta e fazia um pequeno comentário.
Do epistolário de Pallotti, descobrimos que as conferências semanais lhe eram muito cara. Ele, pessoalmente, se encarregava de recordar os sacerdotes e também de convidá-los para fazer parte. Esta confirmação aparece em duas cartas, dia 27 de abril de 1841, Pallotti escreve para monsenhor Pietro Minetti: “ela se tornou avarenta, é preciso fazer algum presente na conferência semanal! Fará o mesmo no mês mariano dos eclesiásticos, a qual iniciará na próxima sexta-feira. Espero que venha quinta-feira à conferência e depois a indicada prática do mês de Nossa Senhora Imaculada” (OCL III, 1. n. 751). No dia 13 de março de 1845, Pallotti escreve para Andrea Mogliazzi: “Hoje, às 21h 30min, nos encontramos para a conferência no Santo Espírito; e para cumprir esse dever e regular as forças, você poderia confessar alguém no Hospital Militar” (OCL V, 1. n. 1103)?
Nota-se, também, que para levar adiante este projeto de organizar e assistir todas as quintas-feiras tais conferências, necessitava de muito esforço e exigia empenho e colaboração de muitas pessoas. Talvez, depois do primeiro impulso, diminuiu o zelo dos colaboradores. Isto pode ser observado pela carta escrito por Pallotti, no dia 6 de agosto de 1840, em Cingoli, onde se encontrava para realizar as missões. Ele escreveu aos zelosos colaboradores das conferências espirituais, do estudo sacro, e do ministério evangélico, sob a proteção especial da Imaculada Mãe de Deus Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos: “chegou o momento oportuno de falar do mês mariano para os eclesiásticos e das conferências; gostaria de contar com a presença de todos vocês, e tenho certeza o quanto isso os fará bem. Senhores missionários, gostaria de confirmar vocês no progresso da unidade, mesmo que algum tenha sofrido a tentação do resfriamento ou então da desistência...” (OCL III, 1. N. 695).
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