sábado, 28 de janeiro de 2012

3. Vicente Pallotti e a sua formação sacerdotal permanente

Este é o terceiro tema sobre a formação sacerdotal de Pallotti e do seu tempo (Século XIX). De tempos em tempos estaremos dando continuidade ao tema. Este material pode ser encontrado no original italiano, pela revista: "Apostolato Universale, continuità e sviluppo", n. 24, 2010, p. 39 a 53).

Na vida de São Vicente Pallotti, pode-se destacar dois períodos ligados à sua formação sacerdotal permanente. Primeiro: formação sacerdotal, no campo espiritual/intelectual, de 1818 até 1830. Segundo: de 1830 até 1850, formação sacerdotal, no campo espiritual/pastoral.
Antes de tudo, a formação espiritual de Pallotti se dá ao longo da sua existência, no intenso cultivo das coisas espirituais. Isto se confirma pelos seus escritos espirituais, pelas suas inspirações e heroicos propósitos que foram compendiados no volume X das Obras Completas, “I Lumi” (As luzes). Sobre este assunto, não há necessidade de muitas delongas, porque temos várias outras contribuições sobre o caminho espiritual de Pallotti. Basta folhear os escritos do Pe. Francesco Amoroso, SAC, intitulado: “La via dell’infinito” (O caminho do infinito), no qual apresenta a autobiografia espiritual do referido santo.

O pensamento espiritual de Pallotti deu-se ao longo da sua formação. Isto se pode notar pela sua visão e compreensão a respeito do sacerdócio. No início do seu ministério sacerdotal, escreveu: “O nosso inefável Deus dignou-se elevar-me ao sublime grau do sacerdócio, cuja missão é: celebrar o digníssimo Sacrifício, administrar os Santos Sacramentos, pregar a divina Palavra e recitar o divino Ofício” (OOCC X, 148). No final de sua vida, escreveu de maneira diferente: “Luzes e trevas, bendizei o Senhor. Raios e nuvens, bendizei o Senhor (Dn 3,72-73). Quanto ao que era ensinado por mim, era visto como algo bem feito, tanto da minha parte como da dos outros; mas, na verdade, eu não fiz nada que não fosse o mal, pois não instruí suficientemente os fieis, e não preguei o Evangelho a todas as criaturas; mas as obras de Jesus Cristo e a pregação do Reino, para sua piíssima misericórdia e amor, foram objetos de minhas obras e pregações” (OOCC X, 492).

Pallotti continuou sua formação sacerdotal/intelectual após a ordenação, aos 16 de maio de 1818, com o complemento dos estudos teológicos e exercendo o ofício de professor na Universidade da Sapienza. No dia 15 de julho de 1818, Pallotti submeteu-se aos exames para laurear-se em filosofia e teologia, obtendo bons resultados. No dia 4 de março de 1819, o reitor da Universidade, Belisario Cristaldi (1764/1831), nomeou-o como acadêmico daquela mesma universidade. Na carta de nomeação, escreveu: “O favorável parecer a respeito do senhor determinou-me a escolhê-lo como Acadêmico da faculdade de Dogmática, da Escolástica e dos locais teológicos, para ajudar os alunos nos grupos de estudo com argumentações e dissertações” (OCL I, 425-426). Coforme Francesco Amoroso SAC, San Vincenzo Pallotti romano, Postulazione generale SAC, Roma 1962, p. 39.

Ansgar Faller – SAC explica que Pallotti foi nomeado como repetidor e exerceu este ofício de mestre acadêmico entre os anos de 1819 até 1829. Com este título, não podia desenvolver sua própria opinião teológica, porém, ideias pessoais não lhe faltavam. Mesmo que pudesse manifestá-las, ele as evitava. Limitou-se, rigorosamente, em apenas repetir os conteúdos a serem apresentados. Ele escolhia as pessoas para o debate e anotava seu desenvolvimento com muito cuidado. Organizava as discussões de maneira acadêmica e confirmava os resultados. Durante estes dez anos de trabalho, como mestre acadêmico, teve a oportunidade de aprofundar-se na teologia e com isso pode ajudar na formação de inúmeros sacerdotes que mais tarde tornaram-se párocos e professores.
O esforço de Pallotti em aprofundar na área da teologia ficou evidente pela sua participação na Pia União de São Paulo Apóstolo, iniciada em Roma, no ano de 1790. Era uma obra que promovia a formação espiritual do clero romano e que organizava as atividades apostólicas e pastorais nos diversos campos da vida eclesial. Vicente Pallotti era membro desta Pia União e participava das conferências sobre a moral, a cada quinze dias, na Igreja Santa Maria da Paz, na Igreja da Universidade romana e na Igreja Santo Apolinário.

Nos anos de 1820 a 1829, fez parte de um grupo para resolver casos referentes à moral. Nestes encontros participavam também o clero romano, pois a sua finalidade era para capacitá-los nestas questões. A função de Vicente Pallotti era a de apresentar casos e propor soluções. Isto nos faz acreditar que, já naquele tempo, possuía uma ampla cultura geral e teológica.

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