segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Retiro aplicado aos noviços



SENHOR, É A VOSSA FACE QUE EU PROCURO

A vossa face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador. Se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá. Ensinai-me, Senhor, vosso caminho; por causa dos adversários, guiai-me pela senda reta (Sl 26, 8b-11).

Nesse tempo de noviciado, o seminarista fará uma experiência profunda do amor de Deus em sua vida. Ele terá tempo suficiente para contemplar a face de Deus, para assim poder descobrir o que, realmente, o Senhor quer que ele faça em sua vinha. (Jer 1,4-9)

Logo no início do noviciado, o noviço é convidado a sentir mais de perto o Senhor, para ouvir o que ele o reservou desde toda a eternidade. Como disse o profeta: antes mesmo que eu fosse gerado o Senhor já tinha me chamado e agora consciente da sua missão posso dizer-lhe, Senhor, envia-me (Is 6,1-8; Jer 1,5-19).

Mas tal descoberta só será possível se a pessoa estiver atenta à sua Palavra. Por isso no noviciado vai se exigir muito silêncio interior e busca incessante de Deus através da meditação, da Lectio Divina, da leitura espiritual, do projeto de vida e da busca de ajuda com os formadores para juntos descobrirmos o que Deus está dizendo nos acontecimentos da vida comunitária, porque Deus tem costume de falar através dos acontecimentos da vida do seu povo. Por isso na história da salvação Deus sempre usou de intermediários para transmitir a sua mensagem. E vocês estão aqui, justamente para se prepararem para ser um intermediário, ou melhor, um instrumento entre Deus e os homens. “Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1, 8).

Vocês sentiram, ao longo da caminhada, que Deus os escolheu para serem suas testemunhas, por isso interromperam aquilo que estavam fazendo para seguir os passos de Jesus: esse é o famoso: “Vinde e vede dito por Jesus”, quando foi perguntado por alguém: “Mestre, onde moras?” Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi, onde moras? Vinde e vede, respondeu-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com Ele aquele dia (Jo 1, 37-39).

Vocês também deixaram seus barcos e O seguiram.

Vocês já estão na companhia dele, agora só falta deixar que ele próprio os evangelize por meio da Palavra, das liturgias e através do carisma de nosso fundador são Vicente Pallotti. Tudo isso são meios para chegarmos até Deus e descobrirmos quem Ele é. “Onde moras”?

O silêncio interior é superior ao silêncio exterior, porque podemos estar calados, mas não em silêncio, não em estado de escuta e de oração. O noviciado vai proporcionar tudo isso para aquele que decidiu seguir os passos de nosso Senhor. Essa foi uma opção livre, sem coação externa. Portanto, este tempo não deverá ser um tempo somente de renúncia das coisas do mundo, mas um tempo de encontro com o ressuscitado. Este encontro deixará marcas profundas na alma, porque aquele que se deixa tocar pelo Senhor nunca mais será o mesmo (Gn 32, 25-29; 28, 16.20-22). Será uma pessoa renascida pela graça de Deus, como nos diz São Paulo: será uma nova criatura.

Vejamos, agora, algumas citações dos Salmos que podem nos auxiliar nesse processo de transformação espiritual, para que o Espírito do ressuscitado, realmente, habite em nós. Por isso queremos rezar com o Salmista:

Sl 101, 2-3 – Senhor, ouvi a minha oração, e chegue até vós o meu clamor. Não oculteis de mim a vossa face no dia de minha angústia. Inclinai para mim o vosso ouvido. Quando vos invocar, acudi-me prontamente.

Sl 143, 9-11 – Fazei-me sentir, logo, vossa bondade, porque ponho em vós a minha confiança. Mostrai-me o caminho que devo seguir, porque é para vós que se eleva a minha alma. Livrai-me, Senhor, de meus inimigos, porque é em vós que ponho a minha esperança. Ensinai-me a fazer vossa vontade, pois sois o meu Deus. Que vosso Espírito de bondade me conduza pelo caminho reto. Por amor de vosso nome, Senhor, conservai-me a vida; em nome de vossa clemência, livrai minha alma de suas angústias.

Diante dos desafios da vida, o salmista reza implorando a Deus, para que ele possa sentir o seu amor. Muitas vezes ele se apresenta quase que desesperado porque sente a ausência de Deus em sua vida. O cristão deve aprender a entender o silêncio de Deus. Às vezes quando mais precisamos dele para ter uma resposta aos nossos questionamentos, nos deparamos com o seu silêncio, como aquele ocorrido na cruz. Pai, se for possível, afasta de mim este sofrimento, mas Deus não interferiu. É justamente aí que ele testa a nossa fidelidade e confiança que, muitas vezes, dizemos ter nele.

Com o salmista, digamos:
A vós clamo, Senhor, e invoco a misericórdia de meu Deus (Sl 29, 9).

Vossas palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples. Voltai-vos para mim e mostrai-me vossa misericórdia, como fazeis sempre para com os que amam o vosso nome. Dirigi meus passos segundo a vossa palavra, a fim de que jamais o pecado reine sobre mim. Livrai-me da opressão dos homens, para que possa guardar as vossas ordens. Fazei brilhar sobre o vosso servo o esplendor da vossa face, e ensinai-me as vossas leis (Sl 118, 130.132-135).

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