sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

6- CINCO FASES DA MÍSTICA


Com este artigo, concluo mais um estudo sobre São Vicente Pallotti místico e apóstolo. Espero que este tema o tenha ajudado a amar, ainda mais, o carisma de São Vicente Pallotti. Como ele buscou e viveu a santidade no seu tempo, assim também você é convidado a ser santo, na realidade em que vive, fazendo tudo por amor e com amor, à maneira de Cristo.

1) Despertar


Toma consciência da Presença Divina. É repentina e muito acentuada. É acompanhada de intensa sensação de alegria e de exaltação. Abre-se a um mundo novo dentro e fora de si. Vê as coisas com um olhar diferente.
Vicente considerava precioso o tempo, por isso, impunha-se o propósito de não perder tempo nas sacristias e de estar sempre unido a Deus. O tempo é precioso, breve e irrepetível. (p. 112)

Teve uma grande idéia de si mesmo. Viu-se e compreendeu-se a si mesmo à luz da revelação divina e da sua comparação com os irmãos e, sobretudo, com Jesus, seu irmão primogênito. Pela fé viu sua origem, seu destino, sua identidade e o sentido da sua vida e da sua morte. (p. 113)

2) Purificação

Descobre sua própria limitação e imperfeição, as ilusões em que se encontrava. O Fundador experimentou a incoerência infinita entre o ideal da vida cristã e as suas realizações concretas. Fez, sobretudo, a experiência da distância que existe entre a criatura e o criador, superável unicamente no mistério da humildade do Homem Deus que, no abandono na cruz, experimenta e, ao mesmo tempo, supera todas as distâncias provocadas pelo pecado humano. A experiência de Deus tem como consequência um sentido mais profundo da própria indignidade. Quanto mais o Santo se aproxima de Deus, maior é o sentido do seu nada e pecado. Não se trata de pecados concretos, mas de uma percepção viva dessa distância entre finito e infinito, de um desejo de participação e de conformidade com o amor infinito. Pallotti expressa esta sua experiência com os termos de “desprezo de si”, “de horror”, mas sempre com o objetivo de ser transformado e de fazer sua a vida de Jesus.

O desprezo de si mesmo, nota característica da vivência espiritual de Pallotti, que aparece nos seus escritos, é a sua reação espontânea no confronto de Deus com a consciência de não poder atribuir a si nenhum mérito. Tudo isto deve ser eliminado com muita renúncia e esforço.

Seja destruído tudo o que está em mim e esteja em mim tudo o que está em Ti!” (OOCC X, p. 169); “Em mim não existe humildade; mas a humildade de Cristo seja a minha humildade” (OOCC X, p. 176); “Quisera morrer de dor, porque não sirvo a Deus com aquela humildade e amor que lhe devo” (OOCC X, p. 613).

A humildade de Jesus permite a Pallotti encontrá-lo em todos os aspectos da sua vida: “Procurai Deus em todas as coisas e sempre O encontrareis”.
Ao ler os escritos de Pallotti, pode-se afirmar que a imitação de Cristo é a espinha dorsal da sua ascética e o início daquela transformação em Jesus Cristo, que é a meta última do seu caminhar terreno.

3) Iluminação
Pela purificação desapega-se das coisas sensoriais, reforça as virtudes, retorna a consciência alegre da Presença e da ordem transcendental. Na iluminação inclui a contemplação, visões, êxtases, locuções, etc.

4) Noite escura
É uma profunda e completa purificação da pessoa: morte mística, sentimento de ausência e de abandono.

5) União

É a verdadeira meta de toda a busca mística.
No dia 12 de maio de 1849, ao recordar os 55 anos de sua vida, escreveu: "Apesar de eu ser o homem de pecado e causa de todos os males e impedimento de todos os bens, Vós vos dignais fazer-me viver e, em cada momento, vos quereis comunicar todo a mim com todo Vós mesmo, Uno na essência, Trino nas pessoas, infinito nos atributos e com todas as vossas perfeições infinitas, a fim de transforma-me todo em Vós mesmo, para tornar-me uma só coisa convosco, Pai, Filho e Espírito Santo".
"Ah, meu Deus, pelo que eu sou e pelo que sois Vós sou forçado a dizer que vos afasteis de mim porque sou um homem pecador, mas, ao mesmo tempo, devo pedir-vos que não tardei a vir, Senhor, porque não posso estar um momento sequer sem Vós. Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de ter compaixão de Vós, visto que o amor infinito com que deste toda a eternidade livremente e misericordiosamente me amais vos obriga a vir a mim, a estar comigo e a fazer de mim uma só coisa convosco.
Meu Deus, o amor vos obriga aos excessos. Mas o excesso do vosso amor infinito para comigo é infinitamente maior que todos os excessos juntos do vosso amor, que fizestes e fareis em todas as outras criaturas que existiram, existem e existirão e são possíveis de existirem, porque, em cada momento, os meus pecados, as minhas ingratidões, a minha imundície é infinitamente maior daquela de todas as criaturas existentes e possíveis".

A pessoa a sente como comunhão, união transformante.
"Vem, meu amado, vem depressa, não demores. Uma só coisa me consola, neste vosso excesso sempre antigo e sempre novo de todos os momentos da minha vida, e é esta coisa que me consola que por toda a eternidade será por este vosso excesso glorificado o vosso amor infinito assim infinitamente misericordioso para comigo.
Ah, meu Deus, como poderei corresponder ao excesso do vosso amor que, a cada momento, com amor infinito operais em mim"?

Assim a humildade gera a magnanimidade, o desejo de imitação, de transformação total e os propósitos mais sublimes e impossíveis.
O sentimento de dependência total de Deus é a convicção de receber tudo d’Ele, tanto a vida como a santidade, de não poder atribuir-se mérito algum, exceto o nosso nada e pecado, e de esperar de Deus, como um pobre, tudo o que falta e do que se tem necessidade.
É um estado de equilíbrio, de paz e de alegria, de capacidade insólita, de intensa certeza.
"Ah, meu Deus, por mim mesmo não posso seguir isto... por isso, pelos merecimentos e intercessão da Beatíssima Virgem Maria, de seu Esposo São José, e de todos os anjos e santos e pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e pela vossa misericórdia infinita seja destruída toda a minha vida e a vida da beatíssima Virgem Maria, de São José e de todos os anjos e santos e a vida do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e por meio dele e com Ele, estejam todas as ações internas e externas de todo e qualquer momento da vida presente e da eternidade. Meu Deus e tudo". (OOCC X, 277-279 – Horizontes II, p. 90)

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