segunda-feira, 2 de março de 2009

Descobrindo os caminhos de Deus







DISCERNIMENTO VOCACACIONAL

Todas as pessoas recebem o dom gratuito da vocação. Recebemos, primeiramente, o dom da vida, o de sermos cristãos (batizados), por fim uma vocação específica (matrimônio ou a vida sacerdotal e religiosa).
Seguir a Cristo é ser chamado por Ele. É sempre Cristo que toma a iniciativa do chamado. Somente Ele pode convidar alguém para segui-lo (Mc 3,13). O chamado não depende dos dons, talentos ou santidade pessoal do convidado. O chamado é dom de Deus, é uma vocação. É um dom definitivo e irrevogável (2Tim 2,13).

“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constitui a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em meu nome, Ele vos conceda” (Jo 15, 16).

Seguir Cristo é viver como Ele. Conviver com alguém significa assumir todo o processo de chegar até uma comunhão de vida com essa pessoa. Inclui todo processo de ser conquistado por Cristo (Fil 3,4-14).
Existe um algo mais que vai sendo descoberto gradualmente. Nem sempre, porém, isso acontece de maneira tranquila.
O discernimento pode durar anos. Por isso, é necessário que o jovem busque ajuda de uma pessoa experiente.
Como se inicia uma vocação: o início vocacional dá-se de maneira única, como no nascimento; é algo indescritível, misterioso. A descoberta pode acontecer no seio familiar, participando da Igreja (missas), em um retiro, no grupo no qual está inserido, assistindo a um filme.
A resposta do jovem pressupõe o abandono do mundo do trabalho, das amizades, etc. O jovem deve estar aberto aos novos amigos que Deus lhe confiar.
A nova opção pode causar no vocacionado momentos de desorientação, de medo, de desencorajamento e de crise, enfrentamento dos familiares que não entendem tal decisão, sensação de que está sozinho no mundo: sem amigo, sem família, sem ninguém.
Ele faz sua primeira experiência de estar só com Deus, e somente a Ele deve responder (sim ou não).
Início do discernimento vocacional:
Tipos de medo: medo do futuro (de não dar certo, de ser infeliz), medo das provações (de não conseguir dar testemunho da verdade e por isso ser abandonado pelas pessoas), da falta de ternura e de afeto (medo de ser mutilado no aspecto afetivo, sexual; medo de não ser forte nos momentos de tentação e de desejo), medo da solidão.
Etapas da busca vocacional: a origem da vocação é irrepetível, é uma inspiração íntima.
O jovem sente um chamado misterioso diante de certos acontecimentos da vida. Cria nele um interesse por esse fato intrigante que foge de qualquer argumentação humana. Num primeiro momento luta contra tal pensamento ou sentimento. Não revela a ninguém, pensando que com o tempo isso passará. Depois de muita luta, acaba se convencendo de que tem algo mais forte que a sua própria vontade e sente um profundo desejo de conhecer de perto esse sentimento (Moisés diante da sarça ardente: Ex 3). Diante disso, começa haver o primeiro passo para uma decisão mais consistente e duradoura, mas ainda cheio de dúvidas e de medo. O jovem tem mais dúvidas do que certezas.
Surge a necessidade de ter alguém que o inspire: um santo, um filme, uma pessoa significativa em sua vida. Diante dos modelos encontrados, o vocacionado começa a ter mais clareza de sua vocação e, conseqüentemente, aumenta seu desejo de atingir um objetivo de vida, ou seja, viver para Cristo.
O discernimento vocacional fica mais claro, quando o jovem revela o seu desejo a alguém de confiança e que o possa dar uma orientação segura.
A direção espiritual ajuda a fazer o confronto com a opção predominante. Momentos de silêncio e de oração ajudam o jovem a encontrar-se consigo mesmo para, diante de Deus, dar sua resposta generosa: “Eis-me aqui, Senhor, para fazer a vossa Vontade”. A opção assumida conduz o jovem a uma verdadeira conversão.
Por fim, a escolha vocacional é a definição de um estilo de vida específico e radical, dentro da Igreja.
Ser radical é ter a coragem de romper, para sempre, com um estilo de vida que não agrada a Deus e, a partir daí, assumir um novo compromisso pela causa do Reino. Essa atitude pode ser vista na pessoa dos profetas. Eles viveram e se alimentaram da Palavra do Senhor e pouco se importavam com aquilo que diziam a seu respeito. O exemplo maior de radicalidade deu-se com o Cristo. Ele, com sua presença, escandalizou o comodismo teológico dos fariseus. Rompeu uma maneira de ser falsa e hipócrita, para dar início a uma nova forma de vida.
Quem decide viver a radicalidade do Evangelho, certamente deve estar disposto a entregar tudo nas mãos de Deus e viver da Divina Providência, porque a proposta de Jesus não admite meio termo, ou tudo ou nada. “Quem quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome cada dia sua cruz e me siga” (Mc 8, 34).

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