A tradição judaico-cristã apresenta a vida nesta terra como um combate espiritual (Jó 7,1; Ef 6,10-17). A pessoa espiritual deve lutar contra o mal, a começar pelo esforço para dominar suas próprias paixões desordenadas. Santo Inácio, de maneira prática, nos ensina a combater a força do mal que quer nos separar do amor de Cristo. Apresenta as duas bandeiras.
O Pastor de Hermas diz que é próprio do nosso antigo adversário tentar confundir os nossos conceitos do bem e do mal.
Santo Inácio, porém, nos ensina a enfrentar sem medo as tentações do inimigo, fazendo diametralmente oposto ao que a tentação lhe insinua.
O mal não suporta a luz. Por isso busca a escuridão, o segredo, a ambiguidade das sombras. O inimigo age com falsidade e pede segredo. Por isso, Santo Inácio fala da necessidade da pessoa que pede ajuda ser aberta com o confessor ou pessoa espiritual de sua confiança. “Do mesmo modo, o inimigo da natureza humana quer e deseja que as astúcias e insinuações sejam recebidas e conservadas em segredo pela alma justa. Mas muito lhe pesa quando ela as descobre seu bom confessor, ou a outra pessoa espiritual que conheça seus enganos e malícias, pois conclui que não poderá levar adiante sua malicia começada, uma vez que foram descobertos seus manifestos enganos”. Santo Afonso de Ligório dizia: “Tentação declarada, tentação superada”. Ao ser partilhada, a tentação tende a diminuir, tornando-se mais suportável. No entanto, para que a abertura de consciência seja eficaz, e não contraproducente, deve ser feita ao confessor ou a outra pessoa espiritual. Se a pessoa tentada confidenciar sua tentação com pessoa não qualificada, não só não encontrará remédio, como poderá contagiar a outra pessoa, que por sua vez confidenciará a tentação a outras pessoas, provocando uma espécie de epidemia espiritual.
O inimigo ataca pelo ponto mais fraco
O inimigo da natureza humana nos rodeia, observando nossas virtudes teologais, cardeais e morais. E nos ataca, procurando vencer-nos, onde nos acha mais fracos e necessitados para a salvação eterna.
Portanto, a pessoa deverá precaver-se contra os ataques do inimigo, reforçando os seus pontos mais vulneráveis. Deve tomar consciência das próprias fragilidades, agradecer a misericórdia de Deus e emendar-se daqui para a frente.
O diálogo sincero e aberto com o acompanhante espiritual poderá ajudar a reconhecer os pontos fracos e estabelecer uma firme estratégia para combatê-los.
Todos os seres humanos, sem exceção, são tentados pelo mau espírito e atraído pelo bom espírito. O próprio Jesus foi tentado (Mt 4,1-11), mas ele rejeitou as insinuações do inimigo e seguiu as moções do Espírito. Não é outra a atitude que deve ter o cristão.
O inimigo é um estrategista esperto, que adapta as suas táticas e tentações ao nosso modo de ser: a uns meterá medo; a outros, os fará ter vergonha de abrir sua consciência com quem o poderia ajudar; e a todos os rodeará, para poder atacá-los pelo ponto mais frágil. A atitude da pessoa deverá ser a de fazer o contrário que o inimigo lhe propõe.
Portanto, neste tempo quaresmal, todos somos chamados a travar um combate espiritual contra tudo aquilo que nos distancia do amor a Deus e aos irmãos. Rezar e fazer penitência é a melhor maneira de iniciar nosso combate contra todas as potências do mal.
Palavras de Fé, Deus te abençoe Padre...
ResponderExcluirFernando, esposo da Karina irmã do Frater Bruno Cezar.
"Deus em tudo e sempre"...